Com desenhos de Taniguchi e roteiro de Masayuki Kusumi (o mesmo roteirista de Gourmet), O homem que passeia é formado por oito passeios de um mesmo homem por sua cidade japonesa. O quinto passeio, Os pepinos amargos no meio da noite, é bem emblemático da maneira taniguchiana de pensar a (ou passear pela) vida. Começa com uma visita à casa de um amigo, que termina às três da madrugada. Nosso querido passeador resolve voltar para casa a pé, numa caminhada que levará uma hora e quinze minutos. Há algum suspense no ar: pepinos amargos e a travessia de ruas desertas. Mas nada de ruim acontece. Apenas reflexões ambulantes sobre a cidade que dorme e o amigo que acaba de se separar da mulher. Tudo menos dramático que o som do mergulho de uma rã ou o movimento sutil do pousar de uma borboleta em haiku mais que perfeito e tranquilo.
Todas essas qualidades de Taniguchi, adicionadas à sua sensibilidade diante daquilo que existe de poesia na banalidade do cotidiano (tanto na natureza, quanto na cidade), já produziram uma legião de admiradores de obra, como o cineasta belga Sam Garbarski, que levou para as telas, em 2010, um de seus mangás, intitulado Bairro Distante.
O homem que passeia foi homenageado em 1992 com um prêmio da Shogakukan. Em 1993, recebeu premiação da Associação de Mangaka Japoneses. Já em 1989, foi agraciado com o Prêmio Cultural Osamu Tezuka.
Jiro Taniguchi (1947-2007) publicou sua primeira obra no início da década de 1970. A descoberta da banda desenhada europeia, marca uma viragem na obra de Taniguchi, que opta por trabalhar sozinho, escrevendo e desenhando as suas próprias histórias. A partir de 1991, seu estilo se assenta na própria experiência pessoal e na atenta observação, profundamente humana, dos seus semelhantes e de seu quotidiano. A obra de Taniguchi espelha sentimentos positivos, um reconhecimento sincero pelas tradições culturais, uma forte ligação à família e o regresso à infância como forma de redescobrir as suas origens.
O homem que passeia tem a marca da Devir, 244 páginas e formato de 17 x 23,8 cm.
Já tinha me deparado com a edição francesa da Casterman, desse quadrinho, conforme foto abaixo. Na época, fiquei muto impressionado com o que vi! Vamos à caça da edição nacional!
Por PH, a partir de texto fornecido pelo editor.