E aqui estamos nós, de novo, com as aventuras do Sargento Cornelius Chesterfield e do Cabo Blutch em tempos de Guerra Civil Americana, conflito travado entre 1861 e 1865 que opôs o Norte ao Sul do país.
Trata-se de uma seleção de ótima aventuras de uma franquia belga da Dupuis que já chega a sessenta títulos, na Europa, editados parcialmente pela Martins Fontes, no Brasil, durante os anos 1980. E é justamente sobre essas HQs nacionais que vamos falar hoje. Antes, lá vai mais um pequeno resumo dos Túnicas Azuis. Por incrível que pareça, os personagens ainda são desconhecidos no Brasil.
Substituta de Lucky Luke, quando o personagem deixou as páginas da revista Spirou, para ir para PILOTE, esta saga Western é assinada pela dupla Cauvin/Lambil. Na verdade, os heróis foram criados em 1968 pelo desenhista Louis Salvérius e pelo roteirista Raoul Cauvin e passaram a ser desenhados por Willy Lambil, depois de 1972, após a morte de Salvérius.
Com temperamentos completamente opostos, essas duas emblemáticas figuras da BD tem nessa diferença essencial o sucesso de suas hilárias aventuras! Enquanto Chesterfield é todo certinho, patriota e cumpridor de seus deveres, Blutch é sarcástico, irresponsável e só pensa em desertar do exército!
Entre 1983 e 1986, a Martins Fontes começou a editar, paralelamente a Lucky Luke os quadrinhos dos Túnicas no país, conseguindo a proeza de publicar 10 títulos, dos quais possuo sete. A lista completa é essa aqui: UMA CARROÇA NO OESTE, DO NORTE AO SUL, POR 1500 DÓLARES A MAIS, FORA DA LEI, OS DESERTORES, A PRISÃO DE ROBERTSONVILLE, OS AZUIS NA MARINHA, OS CAVALEIROS DO CÉU, A GRANDE PATRULHA e OS AZUIS E OS TÚNICAS.
Todos no formato de 21 x 28 cm e em brochura, tiveram a peculiaridade, ao contrário da nova coleção portuguesa ASA/Púbico que fez uma seleção de 15 aventuras de autoria de Lambil e Cauvin, de trazer as quatro primeiras histórias, ainda com traço de Salvérius.
Essas primeiras HQs introduziam uma arte em que os heróis eram desenhados mais nanicos e nas quais os índios e mexicanos apareciam mais, num clima mais verdadeiramente Faroeste. Era uma BD ainda muito influenciada por Lucky Luke.
Aos poucos, Lambil começou a deixar Blutch e Chesterfield mais esguios, e outros temas passaram a ser acrescentados às histórias. Eu, particularmente, prefiro os quadrinhos trabalhados por Willy Lambil, mas não posso deixar de recomendar a leitura dos quatro tomos iniciais da série. O problema é achar os títulos, já que o mercado editorial brasileiro não costuma reeditar HQs. Normalmente, as franquias europeias de BD são abandonadas ainda no começo de sua publicação. Milagrosamente, uns trinta anos depois, alguma editora resolve retomar tais séries esquecidas, como a SESI-SP faz agora com Spirou e Velerian. Depois, perguntam qual é o motivo que leva o quadrinho franco-belga a ser desconhecido pelas gerações atuais e por muitos marmanjões de plantão!
Abaixo, veja as capas dos volumes da Martins Fontes que possuo. Vou ficar devendo três! No dia em que encontrar os álbuns que me faltam, postarei as imagens!
E aguardem! Estou preparando uma edição do Papo Franco-Belga com as estátuas em Durepox que estou fazendo dos heróis. Só falta terminar o Chesterfield e pintá-lo!
Por PH.