Agora é para encerrar! Com muito orgulho, publico a última parte da matéria sobre o meu processo de criação de duas estátuas dos Túnicas Azuis, uma série dos quadrinhos franco-belgas que tem como protagonistas o Sargento Cornelius Chesterfield e o Cabo Blutch, dois militares de personalidades completamente opostas, cuja improvável amizade é a chave para o sucesso dessa BD.
Para quem não conhece, nossos divertidos e atrapalhados heróis tiveram a autoria original de Raoul Cauvin (roteiro) e Louis Salvérius (arte). Mais tarde, passariam a ser desenhados a partir de 1972 por Lambil, com argumento de Cauvin. A partir daí, nossos amigos começaram a ficar com um visual mais esguio do que anteriormente.
As tramas desses engraçados parceiros se passam na segunda metade do século XIX, durante a Guerra Civil que opôs Yankees (Nortistas) aos Confederados (Sulistas). Realizada em cima de pesquisas históricas, além de engraçada, faz o leitor dar de cara com personagens reais, como o Presidente Lincoln e o General Lee.
Completamente apaixonado pela dupla, desde que desencavei sete de suas HQs publicadas no Brasil nos anos 1980 e após ter conseguido os 15 volumes recentes dessa saga Western publicados em Portugal pela parceria ASA/Público, não sosseguei, enquanto não os materializei.
Antes de partir para o trabalho, busquei algumas imagens dos personagens na internet e as imprimi para me basear. Como é um trabalho artístico, um hobby acima de tudo, e não estou produzindo o material para empresas que os comercializem em série, me permiti algumas liberdades no tocante às proporções dos bonecos. Não me propus a reproduzir Butch e Chesterfield fielmente ao traço de seus criadores e dei meu toque toque pessoal a essas peças únicas. Devo me concentrar, a partir de hoje, no índio Humpá-Pá, de Goscinny e Uderzo, no qual procurarei respeitar mais essa escala de medidas.
Trata-se de um processo demorado, no qual a massa, de secagem em duas horas, não permite que se foque inicialmente nos detalhes. Todos os elementos de acabamento precisam ser realizados depois. Todo o procedimento tem que ser feito com as mãos molhadas. Por isso, tem sempre um copo de água ao meu lado.
No início, modelei Blutch e Chesterfield ao mesmo tempo. Após, concluir pernas e tronco dos dois, passei a me dedicar exclusivamente ao Blutch, o menor, e somente depois de tê-lo concluído, comecei a fazer o Chesterfield. Note que o que faço é um trabalho de modelista. Não produzo esculturas, pois parto do zero, utilizando massa. Esculturas partem de blocos de pedra ou madeira que o artista desbasta, até chegar à sua obra. Gostaria que meus leitores entendessem essa diferença!
Nas fotos abaixo, que farão parte de uma edição do Papo Franco-Belg, junto com outras imagens, você verá como coloquei a base, as mãos que faltavam, botões da camisa, gola da jaqueta e detalhes em amarelo do uniforme, partindo em seguida para a pintura.
Espero que gostem e se preparem para curtir as aventuras em Durepox do Pele-Vermelha mais famoso que poderia ter saído da mente fértil dos pais de Asterix.
Até lá!