Hoje, falo sobre uma BD desenhada por Devig, colorizada por Camille Paganotto e roteirizada por Philippe Geluck, o criador da série Le Chat (O Gato), que já teve um título publicado pela Nemo no Brasil.
As Aventuras de Scott Leblanc é uma publicação das ÉdItions Casterman, cuja característica mais marcante é ser um legítimo representante da mais pura Linha Clara, conceito eternizado por Hergé, o pai de Tintin, e perpetuado por inúmeros quadrinistas do Velho Continente. Na verdade, trata-se de um pastiche do destemido jornalista belga.
A exemplo do personagem que lhe deu origem, Scott Leblanc é igualmente repórter, trabalhando para a revista Bien en Vue e cuidando da sessão Animais e Estrelas, na qual escreve artigos sobre bichanos de famosos. Ele próprio possui um canário que leva para todos os lugares numa gaiola dourada. Com direito a um topete que o deixa com a cara de Tintin, Scott Leblanc vive suas aventuras em 1966, em plena época da Guerra Fria e da Corrida Espacial.
Depois de três volumes publicados, Alerta em Fangataufa, Ameaça à Apollo e Terror em Saigon, eis que chegou no ano passado o tomo quatro dessa curiosa saga.
Segundo o editor, Échec au Roi des Belges (Ultimato ao Rei dos Belgas) mostra logo de início um radiante Scott Leblanc, feliz por ter conseguido uma entrevista com o monarca belga, o Rei Baudoin. O periodista parte então para Bruxelas, mas sua sorte grande é uma excelente oportunidade para um grupo de terroristas que o abate temporariamente, enquanto um de seus integrantes toma seu lugar para se aproximar do soberano e neutralizá-lo. E esse plano terrível tem início quando o sósia de Lebanc, agora se passando pelo nobre, tentará penetrar no quartel general da OTAN e roubar todas as informações essenciais à segurança europeia. Felizmente, o cientista e melhor amigo de Leblanc, o Professor Moleskine, está de olho na situação e não abandonará seu amigo. Moleskine é, na minha opinião, uma espécie de mistura entre o Capitão Haddock e o Professor Girassol.
Aí está uma aventura com todos os elementos característicos de Tintin, que agradará aos fãs que não se incomodarem em ler uma cópia praticamente explícita de seu herói preferido. Eu não ligo nem um pouco! Quero mais é que o personagem viva eternamente no traço de outros artistas, mesmo que de maneira camuflada! O traço dessa BD, aliás, é irretocável e lembra também, na parte do cenário, o estilo de Edgar Pierre Jacobs, o idealizador de Blake e Mortimer.
Por PH.