Lançada no Brasil pela Editora Intrínseca, a série O Árabe do Futuro é um dos maiores sucessos atuais do quadrinho francês. Ela mostra as enormes diferenças entre o Oriente cristão e o Oriente muçulmano, através do olhar do escritor Riad Sattouf. Ele resolveu contar como foi sua infância, dividida entre a França e o Oriente Médio.
No primeiro volume, a saga acontece entre 1978 e 1984, dando uma aula sobre história, cultura árabe e política. No segundo tomo da franquia, já publicado no país, a narrativa continua com toda força.
Depois de deixar a França e viver com seus pais na Líbia e na Síria, com direito a um breve retorno à Paris, em O Árabe do Futuro 1, o pequeno Riad está de volta à Síria, terra de seu progenitor. Tudo se passa entre 1984 e 1985. Dessa vez, suas lembranças de infância focam mais em seus momentos na escola, onde os alunos convivem com um comportamento extremamente brutal dos professores. Invariavelmente, as crianças dos colégios sírios acabam com suas palmas das mãos feridas, de tanto receberem golpes de bastão no membro. Isso, quando não são erguidas pelos cabelos, penduradas e jogadas violentamente de volta a suas cadeiras. Como se não bastasse tudo isso, não há variedade de itens nos supermercados e produtos eletrodomésticos, como vídeo-cassete e máquina de lavar roupas, entram de forma contrabandeada no país.
Trata-se de uma ótima leitura, com referências a Tintin, quando Riad resolve explorar seus álbuns de Tintin, aproveitando que sua mãe o está ensinando a ler em francês.
No tomo 3, O Árabe do Futuro, Vol. 3: Uma juventude no Oriente-Médio (1985-1987), ainda inédito no Brasil e segundo o editor, Riad Sattouf vai de encontro à sua juventude no Oriente-Médio, uma infância feita de instantes de pura felicidade e momentos difíceis, onde o peso das tradições familiares evocados por seu pai se choca com os desejos de emancipação de sua mãe. É com um espírito ácido e cheio de humor à toda prova que Sattouf consegue tornar todas as situações divertidas. Poucos autores de HQs são capazes de desenvolver um tamanho senso de narração. Uma juventude no Oriente-Médio (1985-1987) é uma amostra de uma vida doce e, ao mesmo tempo, amarga.
O livro saiu em outubro de 2016 pela Allary Éditions e possui 150 páginas.
Torcendo para que chegue por aqui!
Por PH.
Imagens : © ALLARY / Riad Sattouf