Quadrinhos

Em tempos de CCXP 2016, Menegatto: A Pedra da Lua, do quadrinista gaúcho Ernani Cousandier, é uma excelente dica de quadrinho nacional

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Escrito por PH

untitled-13Tem certas histórias que podem virar um filme! Foi exatamente essa impressão que tive, ao ler Menegatto, nova HQ de Ernani Cousandier, criador do premiado Nenhum dia sem um traço.

Abandonando um pouco a temática regional que esteve presente em seu trabalho anterior, Nenhum dia sem um traço, o artista parte agora para uma aventura com ótimas doses de bom humor, na qual o protagonista é um golpista assumido e sem o menor escrúpulo. Ele está sempre muito bem vestido, como parte de suas estratégias para enganar os trouxas.

Menegatto: A Pedra da Lua é um álbum de luxo com 117 páginas, formato de 23 x 29,9 cm e capa em brochura reforçada, todo impresso em papel especial. É independente, mas tem pedigree de publicação de editora grande.

O quadrinho é todo baseado em fatos reais e que muitos brasileiros desconhecem. Acontece que uma minúscula pedra de 1,14 gramas e tamanho de 1 cm é o maior tesouro que existe na pequena cidade gaúcha de Bagé. O escuro fragmento está em exibição dentro de uma embalagem acrílica semelhante à uma bola de cristal. Trata-se de um dos 78 fragmentos da Lua, existentes no mundo, trazidos pelas missões Apolo 11 e 17. O pedregulho veio parar aqui, depois que o então líder americano Richard Nixon o ofereceu gentilmente ao nosso presidente Emílio Garrastazu Médici, em 1973, como ação diplomática para sensibilizar chefes de estado. Médici, por sua vez, presenteou um amigo com a raridade, que foi parar num museu em Bagé, terra natal do ex-dirigente nacional.

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Na trama de Menegatto: A Pedra da Lua, nosso anti-herói é contratado para roubar a rocha, avaliada então em cinco milhões de dólares. Ele substitui o pedregulho verdadeiro por um falso e tenta vendê-lo em Cuba, onde encontrará com Cloé, uma linda mulher que será sua parceira nesta empreitada.

Por já ter estado de fato na ilha, Cousandier conseguiu representá-la fielmente, através de ricas ilustrações. O autor não esqueceu nem mesmo de introduzir a figura de Fidel Castro, falecido recentemente, no argumento. Não dá para falar mais sobre essa figura lendária da América Latina, para não estragar a surpresa do leitor.

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Prepare-se para ler uma HQ de alto nível, num visual caricato e flertando com o  estilo franco-belga. A narrativa é engraçada, instrutiva, sem mocinhos e reserva muitas surpresas. O texto em inglês, espanhol e português flui com muita ação. Você vai começar a ler não vai querer parar. Quadrinho de Primeiro Mundo!

Por ironia do destino, na época em que desenvolvia o projeto, o autor não conseguiu autorização do museu de Bagé para ver a famosa Pedra da Lua! Não fez muita diferença! Um pouco de imaginação, referências fotográficas e muita imaginação resolveram tudo! Adorei!

Com a aproximação dos Estados Unidos e Cuba e o falecimento de Fidel, a obra ficou ainda mais atual!

Parabéns, Ernani!

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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