E o Mickey, criado por Walt Disney em 1928, é o grande destaque das bancas de jornal nesses meses de setembro/outubro de 2016! O ratinho mais famoso dos quadrinhos aparece em duas edições luxuosas e destinadas a adultos, em razão de seu preço elevado e conteúdo específico.
A estratégia da Abril é a de aproveitar o boom das HQs destinadas a leitores maduros e com bolsos mais flexíveis que toma conta do mercado no Brasil. O fenômeno se iniciou com a Editora Nemo, em 2011, quando a empresa mineira lançou Moebius em capa dura no país e não parou mais. Muitos editores passaram a explorar este mesmo nicho especial do quadrinho, aquele que o eleva à categoria de livro, como ocorre há décadas na Europa!
Não pense que por Mickey ser um herói que sempre esteve ligado ao público infantil, de uma maneira geral, que os encadernados que chegam ao jornaleiro sejam coisa de criancinhas. Quem compra este tipo de material leu os gibis do Mickey na infância e gostaria de ter boa parte de suas histórias eternizadas numa bela edição para colecionadores. Seu consumidor é majoritariamente adulto!
Uma dessas novidades é a reedição do Manual do Mickey, de 1973, publicação que guardo até hoje com carinho. Tem muita gente que aprendeu a gostar do universo dos detetives e até de James Bond com ela, como no caso amigo Sylvio Gonçalves. Possui possui 251 páginas ricamente ilustradas, que trazem informações sobre espiões famosos, impressões digitais, escolas de policia e muito mais. O volume em capa dura, assim como seu antecessor do passado, ainda propõe atividades que deverão ser supervisionadas por um adulto, em caso de realização por pequenos. O vilão Mancha Negra volta a aparecer na capa e contracapa.
Este manual desembarca em terras tupiniquins com o mesmo tamanho do original, sendo que cores aparecem mais vivas. A capa perdeu apenas a textura imitando tecido da velha edição e exibe uma nova logomarca da Abril. De resto, está tudo igual!
A outra maravilha que está à venda é As Grandes Aventuras do Mickey, trazendo narrativas criadas por Paul Murry, o artista que revolucionou o conceito do ratinho. Uma bela introdução no começo, de Marcelo Alencar, mostra uma das poucas fotos do autor de que se tem notícia e revela que Paul viveu em uma fazenda até 1937 e era autodidata. Começou a carreira em publicidade. Recluso e pouco dado a entrevistas, foi o responsável por esse caráter mais aventureiro e policial de Mickey.
São 480 páginas emocionantes, sendo que 72 delas brindam o leitor com histórias inéditas.
Destaque para Operação Unidade Invisível, de 1966, com roteiro de Dan Christensen e desenho de cenários e pessoas de Dan Spiegle, uma narrativa protagonizada por Mickey e Pateta e que os mistura a outros personagens com traço realista. Li isso nos anos 1970! Nunca mais esqueci!
As Grandes Aventuras do Mickey custa R$ 59,90. Vale cada centavo pago! Um espetáculo!
E se perguntarem o que determinadas publicações da Disney fazem num site que fala mais sobre quadrinhos franco-belgas, é bom lembrar que autores como Uderzo (Asterix), Morris (Lucky Luke) e outros mais sempre curtiram Walt Disney e levaram essa influência para seus traços.
Por PH.
