L’Homme qui tua Lucky Luke: Vol. 1 é a mais nova sensação do quadrinho europeu. Na pegada do Faroeste, o álbum foi concebido por Matthieu Bonhomme, mesmo desenhista de Esteban.
O responsável por essa verdadeira homenagem a Morris, criador do “cowboy que atira mais rápido do que sua sombra” não é totalmente desconhecido no Brasil. Bonhomme participou de um dos álbuns de O Pequeno Príncipe, publicado aqui pela Amarilys, selo pertencente à Editora Manole, com arte de Didier Poli e e texto de Guillaume Dorison. Para essa ocasião, Matthieu bolou uma incrível história do personagem idealizado por Antoine de Saint-Exupéry, segundo seu próprio ponto de vista. Também o fizeram em outros volumes dessa série: Moebius, Convard e Griffo, Pierre Makyo, Mathieu Bonhomme, Olivier Supiot e Tebo.
A releitura de Bonhomme é uma aula de como se fazer um excelente quadrinho. Planos cinematográficos, uma narrativa mais adulta, cores perfeitas e o Oeste Americano retratado com perfeição estão entre os pontos fortes desse trabalho.
As mudanças são evidentes e não mancharam de forma alguma a memória deste ícone da banda desenhada franco-belga. Para começar, Lucky Luke aparece aqui mais esguio e com traços mais realistas. Os Irmãos Dalton, vilões corriqueiros da saga, não dão as caras na aventura. Os fãs da série não devem ficar tristes com isso, pois o fiel cavalo Jolly Jumper está ao lado de nosso “pobre cowboy solitário, tão longe de casa”.
Além disso, as piadas costumeiras que encontramos normalmente nos quadrinhos regulares da franquia desaparecem quase por completo. Apenas uma sátira que tem a ver com o lado fumante de Lucky Luke é reprisada diversas vezes, ao longo das pranchas. Trata-se de uma sacada muito legal e que procura afastar o mocinho de seu vício predileto, substituído nos últimos tempos por um pedaço de palha que ele masca constantemente.
A trama da BD começa pelo fim, com o que seria um Lucky Luke, de costas, baleado e com o corpo caído na lama, enquanto um atirador se gaba de ter sido a pessoa que matou o lendário mocinho. Depois, a narrativa volta no tempo, mostrando Lucky Luke chegando à lamacenta de Froggy Town, onde ele teria sido assassinado. A cidadezinha é um dos muitos vilarejos americanos que atraíram a atenção de uma legião de homens em busca do sonho de enriquecer com a mineração. É neste lugar perdido em que Lucky Luke resolve fazer uma parada para descansar. Como um fraco xerife e sua família Bone parecem ser a única e insuficiente lei da localidade, seus habitantes pedem que Luke dê uma ajudinha na segurança. Ele terá que encontrar o ouro roubado de uma diligência, atacada por um suposto índio. Com a ajuda de Doc Wesnedsay, Lucky Luke conduz uma perigosa e reveladora investigação.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: Será que Luke Luke morre mesmo, ao fim das 64 páginas desta bande dessinée? Eu não vou contar!
L’Homme qui tua Lucky Luke: Vol. 1 tem formato de 24 x 32 cm, preço de 14,99 €, capa dura, 64 páginas e a marca de LUCKY COMICS. Saiu no dia primeiro de abril, em francês.
Em época de crise, consegui esta belezura em uma troca, junto com outros títulos, por material meu que tinha guardado para ocasiões como esta. Se não fosse assim, talvez não estivesse falando dela aqui.
Por PH.
Imagens : © LUCKY COMICS / Matthieu Bonhomme.