Já fazia um tempo que eu queria escrever um artigo sobre uma série de dois filmes franceses que conheci, através da Rádio Europe 1. Um dia, escutando um programa de entrevistas da emissora, descobri esta maravilhosa sátira aos filmes de James Bond. Trata-se se de Agente 117, cujo ator principal é Jean Edmond Dujardin, consagrado ator francês que se tornou mundialmente conhecido, em 2012, pelo papel principal em O Artista. Graças a ele, ganhou o Oscar de Melhor Ator, sendo o primeiro ator francês a conquistar o prêmio. Agente 117 tira um sarro incrível da universalmente cultuada saga criada por Ian Fleming. Uma certa semelhança física entre Dujardin e o jovem Sean Connery, que interpretou 007 em diversos longas da franquia, ajuda o espectador a pensar que está vendo um filme do agente secreto britânico. Mas as similaridades param por aí, já que 117 está a serviço da França e ao contrário do personagem que o inspirou, é um atrapalhado espião, capaz de cometer as maiores gafes.
De 2006, veio a primeira produção do herói, Agente 117: O Cairo – Ninho de Espiões (“OSS 117: Le Caire nid d’Espions”). Nesta película, a aventura se passa no Egito, em 1955, embora as filmagens tenham acontecido no Marrocos. Em sua trama, o Cairo é um verdadeiro ninho de espiões, onde ninguém confia em ninguém. Assim, Ingleses, franceses, soviéticos, a família do deposto Rei Farouk e os fundamentalistas da seita religiosa As Águias de Kheops tornam o ambiente explosivo. É aí que o presidente da República Francesa, o senhor René Coty, decide enviar o seu dispositivo secreto, com a missão de devolver a paz à região. Hubert Bonisseur de Bath, o AGENTE 117, deveria ser a tal arma especial. O problema é que este James Bond à francesa deverá causar ainda mais confusão no Oriente Médio, enfrentando galinhas e um bando de nazistas fanáticos. Em O Cairo – Ninho de Espiões, Dujardin contracena com Bérénice Bejo (Larmina El Akmar) , atriz de origem argentina que também esteve presente no elenco de O Artista.
Um pouco tempo depois de O Cairo – Ninho de Espiões, em 2009, foi lançado Agente 117: Perdido no Rio (“OSS 117: Rio ne Répond Plus”). Desta vez, Hubert Bonisseur de la Bath, o “melhor” de todos os espiões franceses é enviado, em 1967, ao Rio de Janeiro. Ele precisa encontrar um velho e importante nazista que se exilou na América do Sul, depois da Segunda Guerra, e comprar dele uma lista de antigos colaboradores franceses do regime nazista. A atribulada investigação leva 117 a viajar por todo o Brasil, do Rio a Brasília, passando pelas Cataratas do Iguaçu, sempre acompanhado por uma charmosa agente do Mossad (Louise Monot). O mais impressionante neste filme é a ótima reconstrução do Rio antigo, exibindo carros de época e a Barra da Tijuca ainda bastante selvagem e desabitada. Um furo, que só os brasileiros perceberão, fica por conta da locação escolhida para funcionar como o Hotel Copacabana Palace. Por algum motivo que desconheço, os realizadores tiveram que optar por gravar no Hotel Glória, transformando-o num fictício Copacabana Palace. Pelo menos, nestes tempos, o prédio ainda não se encontrava em obras e guardava um encanto tão grandioso, quanto o encontrado em seu concorrente da Princesinha do Mar. Este pequeno detalhe não ofuscou o clima de aventura de Perdido no Rio, fortemente inspirado em Rio, de 1964, com Jean-Paul Belmondo. No final, destaque para uma cena no topo do monumento do Cristo Redentor que deve ter tirado, na época, o fôlego das plateias. O Cairo – Ninho de Espiões e Perdido no Rio tem direção de Michel Hazanavicius, responsável pelo premiado O Artista e marido de Bérénice Bejo, na vida real.
Para fazer esta matéria, lancei mão de um box de DVD que consegui em Portugal, trazendo os dois títulos de AGENTE 117. O produto foi lançado por ZON Lusomundo e está disponível para venda em Fnac.pt. Custa 19,99 €. Vale cada tostão pago! Por acaso, também possuo o Blu-Ray Disc de O Cairo – Ninho de Espiões, incluindo o documentário Pas de Vancances pour OSS 117, mostrando os segredos das gravações deste inegável sucesso do cinema francês, blockbuster que levou mais de 2 milhões de espectadores às salas de exibição. Como pode ser completamente desconhecido no Brasil?
Encerrando o post, apareço no final, segurando os DVDs de AGENTE 117 que guardo na coleção. Qualquer semelhança com o personagem original é mera coincidência!
Por PH.
Nossa tujaviu,Esse filme parece realmente hilário.Ģostaria muito de assistir. Obrigada pela indicação.