Voltamos aos bons tempos da inesquecível “Sessão da Tarde” da Rede Globo. O alvo de nossa reportagem é uma daquelas típicas comédias dos anos 60. Trata-se de “A Espiã de Calcinhas de Renda”, de 1966. Encontramos esta película, que tem a tradicional apresentação do emblemático leão da Metro–Goldwyn–Mayer, com relativa facilidade. Parece que ela estava esperando por nós, na prateleira da sessão de clássicos da locadora mais próxima. Não era nossa intenção, fazer qualquer tipo de matéria para o blog. Isto deveria ser apenas um corriqueiro passa-tempo de feriado. O problema é que as lembranças de infância foram retornando, ao mesmo tempo em que fazíamos várias descobertas interessantes. Para começar, o nome original do filme é “Glass Bottom Boat”, que significa “Barco de Fundo de Vidro”, o que não faria o menor sentido em português, caso alguém resolvesse ter feito uma tradução ao pé da letra. Nossa primeira curiosidade foi saber a razão de um título tão esquisito. Foi só assistir aos extras do DVD, para compreendermos o motivo. Parte do longa-metragem é filmado na Ilha de Catalina, paraíso ecológico da costa californiana. Na história, o pai da protagonista do filme, interpretado por Arthur Godfrey, tem um barco com fundo de vidro, usado para fazer passeios marítimos. Pelo menos, na época, esse era um programa comum, entre os turistas que queriam conhecer o fundo do mar e sua fauna, sem se molhar. O curioso nome vem daí. Continuando com nossa investigação, fomos diretamente ao que interessava, “A Espiã de Calcinhas de Renda” conta as desventuras de Jennifer Nelson, vivida por Doris Day, uma bela e atrapalhada viúva quarentona, que trabalha como relações públicas da Nasa, na Flórida. Quando tem tempo, ela também ajuda seu pai, se vestindo de sereia nas águas de Catalina. Foi lá que conheceu o empresário Bruce Templeton, vivido pelo ator Rod Taylor, herói de “A Máquina do Tempo” (1960), filme baseado na obra de mesmo nome, de H. G. Wells. Bruce é um dos donos de uma fábrica especializada em equipamentos militares. Sua empresa construirá para a Nasa, uma cápsula espacial. Por coincidência, é na própria Agência Espacial Americana que Bruce reencontra Jennifer. Um romance começa a acontecer entre os dois, enquanto que a inocente Jennifer passa a ser suspeita de espionar para os russos. Não vamos contar mais nada, para não tirar a surpresa de quem for ver o filme. O que mais nos surpreendeu foi a quantidade de curiosidades que achamos, à medida em que assistíamos a este inesquecível clássico da telona. Para começar, registramos a brilhante atuação do eterno comediante Dom DeLuise, na pele do eletricista Julius Pritter. DeLuise viria a participar de vários filmes de Mel Brooks. Em seguida, percebemos que o chefe de segurança da Nasa, encarregado de investigar a vida particular de Jennifer, para saber se ela é ou não uma espiã, é interpretado por Paul Lynde, o Tio Arthur de “A Feiticeira”. Nossas descobertas não pararam por aí! O personagem de Edward Andrews, o General Wallace Bleecker, é dublado por Borges de Barros, a voz do Dr. Smith, em Perdidos no Espaço. Quando pensávamos que não havia mais nada de diferente a reparar, notamos que os vizinhos de Jennifer eram os mesmos atores que encarnavam o casal Kravitz em “A Feiticeira”, ou seja: George Tobias, o Senhor Kravitz, e Alice Pearce, a primeira Senhora Kravitz do seriado. Quem não se lembra desta fofoqueira de plantão, sempre desconfiada dos poderes mágicos de Samantha Stephens? Para fechar bonito, conferimos uma aparição relâmpago de Robert Vaughn, o agente Napoleon Solo, do seriado “O Agente da U.N.C.L.E”. Olhares menos atentos poderão não identificar a nada gratuita entrada em cena, deste ilustre convidado. É preciso lembrar que “A Espiã de Calcinhas de Renda” é um filme que tem como cenário de fundo, a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, bem como a Corrida Espacial que se desenvolvia entre estas duas nações rivais. Como o tema da espionagem toma conta do enredo, nada mais natural do que mostrar, mesmo que de relance, o famoso agente secreto de um seriado conhecido daqueles tempos. Com direção de Frank Tashlin e roteiro de Everett Freeman, “A Espiã de Calcinhas de Renda” é uma comédia despretensiosa, que diverte o espectador do começo ao fim. Embora não tenha sido o melhor filme de Doris Day, “Glass Bottom Boat” mostra a atriz, em plena forma, no auge de seus 42 anos. Se o elenco incluísse a presença de Fankie Avalon e Annette Funicello, faltaria pouco para que este fosse um legítimo representante da série “A Turma da Praia”, conjunto de produções cinematográficas dos anos 60, que mostravam a rotina da juventude praieira da Califórnia de então. Para encerrar, gostariamos de dizer que foi ótimo rever “A Espiã de Calcinhas de Renda”, com uma visão de adulto, observando detalhes que passaram despercebidos, quando éramos crianças. Se quer um conselho, alugue o DVD, o mais rápido possível, e entre numa magnífica viagem de volta ao passado. A dublagem original da época se encarregará de completar esta fascinante experiência retrô.
Por PH.
Glass Bottom Boat – Warner Home Video – All rights reserved.
Que saudade que deu muito 10 sua matéria PH Parabéns por relembrar o que realmente foi e é de valor na maioria dos que viveram essa época maravilhosa esse infelizmente não me lembro alguns clássicos Ficaram tatuados na minha memória da Sessão da Tarde tinha muita vontade rever todos esses filmes uma sessão pipoca um dia vou realizar esse um dos meus sonhos adquirir todo essa material e um final de semana regado a muita sessão nostalgia eitaaa que delicia sua matéria já me deixou inspirada aiaiaia vou acorda hehehe rsrs alguns eu já reencontrei aqui no blog tujaviu foi uma emoção muito grande essa volta ao passado uma sensação maravilhosa obrigado por me fazer viajar por algumas horas viuuu