Para começar esta matéria, será preciso colocar o leitor brasileiro, a par de alguns termos pouco conhecidos por aqui. Quando falamos de HQs franco-belgas, é comum que elas venham associadas à palavra álbum. Muita usado em Portugal e em outros locais, este termo não tem a ver com álbum de figurinhas, como muitos podem pensar. Ele se refere à uma revista em quadrinhos de capa dura, impressa em papel de alta qualidade, geralmente couchê, no tamanho A4, ou próximo desta medida, e possuindo entre 40 e 60 páginas. Os americanos fazem algo parecido que chamam de Graphic Novel. Estas edições, de luxo, podem levar um ano ou mais para ficarem prontas e quem não está acostumado, poderá confundí-las com livros. É dessa maneira que quadrinhos são vendidos apenas em livrarias e lojas especializadas, em países como França e Bélgica. Outra expressão utilizada, pouco conhecida no Brasil, é “Nona Arte” (Neuvième Art). Ela é uma forma de se referir às HQs, muito usada na europa. A grande maioria destas publicações é produzida por autores franco-belgas, embora já existam outros artistas, de nacionalidades diferentes, neste seleto mercado. Um deles é o brasileiro Leo. Autor de gibis de ficção cientíca, ele é um dos roteiristas e desenhistas mais consumidos e considerados na França. Além dele, autores como o espanhol Daniel Torres e os italianos Milo Manara e Guido Crepax, além de outros, também já fazem parte deste competentente time. Um dos estilos mais conhecidos de Banda Desenhada é o cultuadíssimo “Linha Clara” (Ligne Claire). Trata-se de um gênero bastante popularizado por Hergé, o criador de Tintin. É quase certo que ele tenha se influenciado por artistas anteriores a ele, como Alain Saint-Ogan (Zig et Puce) e Windsor McCay (“Little Nemo”, 1905), mas foi Hergé que virou referência mundial nesta área. Na Ligne Claire são utilizadas cores fortes, além de pouco ou nenhum sombreamento. A expressão Ligne Claire foi criada, em 1977, pelo holandês Joost Swarte, outro importante autor deste formato, por ocasião da exposição “Tintin de Rotterdam”. Entre os desenhistas mais conhecidos de Linha Clara, podemos citar Yves Chaland, René Sterne, Bob de Moor, Edgar Pierre Jacobs, Chantal de Spiegeleer, Jacques Martin e Ted Benoît. É de Benoît, um autor que prefere situar seu traço nos anos 1950, a imagem que ilustra esta matéria. A foto mostra um de seus personagens preferidos, o célebre personagem Ray Banana, uma espécie de versão nada comportada de Tintin. Nos últimos anos, ele tem participado da continuação das aventuras de Blake e Mortimer, dois heróis concebidos, em 1946, pelo já falecido Edgar Pierre Jacobs. Esperamos com este artigo, ter contribuído para um maior conhecimento do quadrinho europeu no Brasil. Falta vontade das editoras em lançar algo diferente e muita divulgação para que ele se torne conhecido por aqui. Qualidade não falta! O vídeo a seguir, apesar de estar em alemão, ilustra bem o que é a Linha Clara e mostra Joost Swarte, um dos citados neste texto, falando sobre parte do que escremos aqui.
Por PH.
Adorei seu post PH sempre tive curiosidade sobre esses termos usados nas suas matérias de HQs! que bom que esta passando pra gente, aqui agente se diverte e aprende também e o blog mais cultural que conheço parabéns e obrigado por compartilhar seu conhecimento,,,