"Love story à iraniana" expõe o patrulhamento amoroso e sexual numa sociedade fechada

Love story à l’iranienne é um quadrinho de Jane Deuxard (roteiro) e Deloupy (desenhos e cores) que explora as relações amorosas no Irã, analisadas sobre o ponto de vista de uma nova geração que talvez não lide tão bem com as limitações impostas pelo regime. Seu país, apesar dos óbvios sinais de abertura nos costumes e política, ainda precisa evoluir bastante no tocante à liberdade geral de seus cidadãos.

A obra surgiu de entrevistas clandestinas que foram feitas com iranianas e tenta explicar como são os encontros, paquera e escolha do marido, num mundo em que o estado de vigilância e policiamento fazem de tudo para atrapalhar a vivência de um amor romântico.

O quadrinho aborda diferentes situações, passando por Gila e Mila, namorados que estão em um relacionamento autorizado pela família há oito anos e prestes a se unirem oficialmente, indo de encontro à trajetória de Wahid, estudande rebelde, preso, torturado e ameaçado de ser expulso da universidade, mostrando o caso de Zeinab, que tem relações sexuais com seu amado e vive comprando testes de gravidez, e confrontando as diferentes visões que Asheb e Nima, um casal que pouco se vê, tem da vida.

A exemplo de Aisha, publicada no Brasil pela Editora Nemo, uma jornalista (Jane Deuxard) consegue a confiança e testemunho de seus entrevistados. Ao contrário das sofridas e cobertas moças do Iemen que desfilam nesta outra graphic novel e que foram contatadas pela repórter-fotográfica Agnès Montanari, um importante setor iraniano da sociedade é o alvo do jornalismo investigativo de Deuxard. Trata-se de uma juventude que convive com perseguições, verificações de virgindade, casamentos arranjados, uniões feitas às pressas, em caso de hímen rompido, e com outros costumes inimagináveis para quem se encontra nas Américas, Oceania ou Europa.

Love story à l’iranienne expõe o clima Big Brother de terror que afeta as candidatas e candidatos iranianos que desejam experimentar uma verdadeira paixão.

Com a marca da Delcourt, saiu no dia 13 de janeiro de 2016 em capa dura e com formato de 20 x 26 cm.

Por PH.