Quadrinhos

Exploramos a pequena edição, em preto e branco, de “Tintin no Congo”

Escrito por PH

Untitled-1Mal tinha regressado de visita à URSS, Tintin parte para o Congo, numa aventura que saiu no Brasil com o nome de Tintim na África. O herói vai parar no reino de Babaoro’m, onde ele acaba tornando-se uma espécie de idolatrado feiticeiro local. Lá, enfrentará um grupo de bandidos envidados pelo famoso malfeitor Al Capone, em busca de diamantes da então colônia belga.

A história foi publicada pela primeira vez, em 1931, nas páginas do suplemento infantil do jornal Le Vingtième Siècle. Suas pranchas em  preto e branco só foram substituídas em 1946 por uma versão colorida de 62 páginas, justamente a que ficou mais conhecida até hoje.

Nesta matéria, posto as fotos do quadrinho de 1931, em formato reduzido de 22cm x 31cm. É uma edição lançada em 2010 e que inclui algumas ilustrações coloridas. A HQ tem capa dura, impressão requintada e custa 20 euros.

Tintin no Congo é uma das obras mais plêmicas de Hergé, em virtude de sua conotação “racista”. Não é a toa, que a Comissão Britânica para a Igualdade das Raças (British Commission on Racial Equality) tenha pedido sua retirada de circulação em 2007. Não estavam tão equivocados quanto à reivindicação! Neste título, Tintin realmente se refere aos africanos como “negros” e não esconde um certo ar de superioridade em relação a eles.

A abordagem “anti-ecológica” de Hergé para este quadrinho foi igualmente criticada, já que perde-se a conta de animais que são mortos por Tintin nas pranchas desta HQ. Até Milu arranca, sem piedade, parte do rabo de um leão. O auge da carnificina acontece, quando o jornalista mata um Rinoceronte com dinamite, apenas pelo prazer de caçá-lo como um troféu! Neste caso, não sobrou muito do animal para que fosse utilizado como motivo de decoração em paredse!

Apesar de tudo isso parecer muito medonho e cruel, vale a pena conferir um dos primeiros trabalho de Hergé! Antes de condenar a obra e o autor, é preciso lembrar que os conceitos vigentes na época eram completamente diferentes daqueles que existem atualmente. Por isso, não se pode exigir que este álbum seja um exemplo de narrativa politicamente correta. Neste quesito, ela não é de maneira alguma! É o retrato da mentalidade colonialista e racismo que existiam antigamente! O preconceito religioso e étnico ainda continua por aí!

Por PH.

Imagens:  © CASTERMAN / Hergé.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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