Quadrinhos

Tujaviu confere e aprova a excitante HQ “Primeiras vezes”, mais um lançamento de qualidade da Editora Nemo

Escrito por PH

DSC_5853Ler quadrinhos no metrô se tornou algo que tenho feito bastante nos últimos anos. Não dá para ter carro, numa cidade engarrafada como o Rio de Janeiro! Em trajetos de ida e volta, frutos de deslocamento para o trabalho, confiro maravilhas da Nona Arte. Desta vez, minha viagem foi completamente diferente, no tocante à leitura escolhida.

Era a vez de devorar Primeiras vezes (Premières fois), de Sibylline, novo lançamento da Editora Nemo, narrando dez experiências sexuais, do ponto de vista de mulheres. Tudo foi desenhado pelos maiores nomes da HQ, entre eles: Alfred, Capucine, Jérôme d’Aviau, Virgine Augustin, Vince, Rica,  Olivier Vatine, Cyril Pedrosa,  Dominique Bertail  e Dave  McKean, o único inglês da turma.

Na primeira metade do percurso, vi que tinha em mãos uma graphic novel diferente de outras que tem o sexo como tema. Achava que, por ter várias narrativas femininas como ponto de partida, seria mais amena do que material similar que li anteriormente. Pelo contrário, achei esta bem mais intensa, perversa, pornográfica, envolvente, sacana, explícita, tentadora e obscena do que tudo que já vi do gênero.

Todo o cuidado que tive para que nenhum passageiro percebesse o conteúdo daquilo que tinha em mãos, não impediu que um senhor se aproximasse, me perguntando se o livro era de autoria de Carlos Zéfiro, brasileiro que ilustrou e publicou, entre as décadas de 1950 a 1970, histórias em quadrinhos de caráter erótico. Disse que a publicação não era dele, mas não pude esconder que fiquei completamente sem graça, ao ter sido flagrado em meu divertimento “secreto”.

No retorno para casa, não via a hora de prosseguir a leitura daquelas despudoradas pranchas em P&B, produzidas em diferentes estilos. Cada uma era melhor do que a outra. Finalmente, na página 47, um quadrinho mostrava um aparelho de rádio que tocava: “E eu chamei, Aline”….. Na verdade, era a tradução de parte da letra de “Aline”, música de Christophe, que dizia originalmente: Et j’ai crié, crié, Aline”…. Devido a minha, pouco comum, formação francófona, entendi a piada na hora. A inesquecível canção é de 1965, ano em que nasci, e fez parte de minha infância!

Quando o trem parou, faltavam ainda algumas páginas a serem saboreadas. Deixei que todos saíssem da plataforma de desembarque e só me retirei do lugar, após encerrar a magnífica leitura. Tinha que estar com tudo na cabeça, rapidamente, para escrever esta resenha.

Enfim, recomendo este sexo voraz e desvencilhado de amor romântico. É a fúria instintiva das fêmeas, solta em seu estado mais primitivo! Primeiras vezes é uma obra de arte e de legítima devassidão! Vale a pena ler e se excitar com ela! Procure-a nas melhores livrarias.

O quadrinho tem 112 páginas, formato de 19,5 x 22,5 cm, acabamento em brochura, tradução de Fernando Scheibe, direitos cedidos pelas Éditions Delcourt e preço de R$ 39,90.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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