Compro HQs, desde 1973. Depois de passar pelo universo da Disney e dos super-heróis, rapidamente, me direcionei para o segmento europeu. Para tal, estudei francês para compreender o material que comprava no original. Lembro que achar edições importadas do gênero no Brasil, bem como suas traduções para o português, era tarefa comparada a de encontrar uma agulha no palheiro. Hoje, isto até mudou um pouco, embora ainda ache que falta bastante para chegarmos a um ponto que imagine como satisfatório. É que sou “francófono” de carteirinha!
Voltando no tempo, refresco a memória de quem viveu um momento especial para o quadrinho europeu no Brasil, época em que um acontecimento mudou o mercado no país. Foi o surgimento da lusitana Meribérica/Liber, em fins dos anos 1980. Instalada na Rua Ubaldino do Amaral, no Centro do Rio de Janeiro, ela nunca produziu seus álbuns em solo nacional, mas trazia-os regularmente da Europa, num momento de câmbio favorável às importações de livros de Portugal. Assim, personagens, como Lucky Luke, Michel Vaillant, Tanguy e Laverdure, Blake e Mortimer e muitos outros passaram a ter uma certa visibilidade em terras tupiniquins. Infelizmente, o sonho não durou muito! Na primeira virada cambial séria, a empresa nos deixou, já que não era mais viável colocar suas publicações em nossas livrarias.
Naqueles tempos, cheguei a trabalhar para a carioca Meribérica, divulgando sua produção em colégios e em uma Bienal do Livro no Rio Centro.
Arrumando a coleção, dia desses, achei um antigo catálogo original da Meribérica. Resolvi então publicar fotos da capa e de algumas de suas páginas, relembrar estes bons tempos em que importantes títulos da Nona Arte que circulavam em abundância pelas minhas mãos. Homenageando parte da equipe do Charlie Hebdo, assassinada tragicamente em Paris, a última imagem que publico mostra obras do eterno Wolinsky. O artista foi uma das principais perdas intelectuais do massacre, cometido por terroristas no começo de 2015, na sede do polêmico jornal.
Espero que gostem deste momento retrô!
Por PH.
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