Neste final de maio de 2015, em visita à Blooks Livraria, flagrei três ótimas HQs que serão tema dos próximos posts. São elas: “Os cretinos não mandam flores”, “O Árabe do Futuro” e “Milo Manara – Caravaggio: A Morte da Virgem”.
Começo falando de um lançamento da Intrínseca, intitulado O Árabe do Futuro, publicação que conta com uma discreta divulgação de BUSDOOR no Rio de Janeiro. Como não pude ainda conferir o quadrinho, publico o que achei dela no blog e site da editora.
Recém-chegada de Paris, a família Sattouf se instalou em uma moradia gratuita, assim que desembarcou em Trípoli, na Líbia, em 1978. Após um passeio pela cidade, a surpresa: seus pertences jaziam cuidadosamente empilhados na frente da casa. A porta estava trancada e o novo morador nem titubeou, seguindo à risca as orientações de Kadafi. O Estado das Massas abolira a propriedade privada e incentivava seus cidadãos a ocuparem os imóveis vazios. Aquele agora era o lar dele. Esta cena insólita faz parte das lembranças de Riad Sattouf, 36, reconhecido quadrinista da nova geração francesa e ex-colaborador da revista Charlie Hebdo. Filho de mãe francesa, nascida na Bretanha, e de pai sírio, de uma aldeia próxima a Homs, Sattouf retrata em O Árabe do Futuro – Uma juventude no Oriente Médio (1978-1984) o choque cultural experimentado por uma criança criada na França socialista de Mitterand, ao vivenciar as ditaduras da Síria de Assad e da Líbia de Kadafi.
O Árabe do Futuro é um relato literário pleno em forma de graphic novel, com traço simples e narrativa fluida e descontraída. Riad fornece, ao mesmo tempo, uma análise antropológica do embate entre o Ocidente e o mundo árabe e um autorretrato de sua própria infância plural.
Em menos de um ano, o primeiro tomo da autobiografia de Sattouf teve mais de 90 mil exemplares vendidos na França e recebeu, no início de fevereiro, o prêmio principal da 42ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême. Essa foi a segunda vez em que Sattouf levou a honraria francesa, já que em 2010, foi premiado pela HQ Pascal Brutal, um deboche ao estereótipo dos fortões movidos a testosterona.
Além de ter 17 livros publicados, Riad Sattouf também é cineasta. No ano passado, roteirizou e dirigiu seu segundo longa-metragem, Jacky au royaume des filles, protagonizado por Vincent Lacoste e Charlotte Gainsbourg. O primeiro, Les beaux gosses (2009), ganhou o César de melhor filme, foi indicado à Câmera de Ouro (Caméra d’or) em Cannes e levou quase um milhão de espectadores aos cinemas.
O Árabe do Futuro tem 160 páginas, capa em brochura e preço de R$ 39,90. Está à venda nas melhores livrarias.
Texto encontrado no site e bog da Intrínseca.
A Blooks Livraria fica na Praia de Botagogo, número 316, no Rio de Janeiro.
Quadrinho é cultura! Leia sem moderação!
Imagens: Allary Eds / Intrínseca / Riad Sattouf.
Aguardando ANSIOSAMENTE o momento de ter O Árabe do Futuro em minhas mãos tujaviu.