Quadrinhos

Pela primeira vez, exibo minha réplica original da edição número 1 do Jornal Tintin

Escrito por PH

DSC05948O Jornal Tintin, surgido em 1946 na Bélgica, foi uma das mais famosas publicações semanais destinadas a quadrinhos de todos os tempos. Surgiu, graças ao talento para negócios de Raymond Leblanc e à sensibilidade artística de Hergé, originando uma parceria que durou 20 anos.

A publicação trazia as aventuras dos mais famosos personagens da banda desenhada europeia, incluindo Tintin e Blake e Mortimer. No jornal, suas histórias, e de outros, eram disponibilizadas em capítulos. A cada uma ou duas páginas, o leitor curtia tramas maravilhosas e ficava ansioso pela próxima edição. Assim, o trabalho de grandes artistas das HQs era publicado, antes de virar álbum e ser vendido em livrarias. Tudo isso deu bastante popularidade a ícones do quadrinho franco-belga, entre eles: Alix, Michel Vaillant, Bernard Prince, Ric Hochet, Lucky Luke, Ric Hochet, Luc Orient, Modeste e Ponpon, Bruno Brazil e a muitos outros. A maioria não é popular por aqui.

Apesar da falta de intimidade do país com este segmento editorial, contamos uma tímida versão do Jornal Tintin no Brasil. Ela foi publicada em 26 números, pela Bruguera, em 1969. Já em Portugal, França, na própria Bélgica, e em muitos outros países, o periódico ficou bastante conhecido, só encerrando suas atividades em 1988. Em Les Coulisses do Journal Tintin, “O Jornal dos Jovens de 7 a 77 Anos” tem sua origem e trajetória contadas em detalhes, ilustradas por fotos históricas que mostram a primeira equipe de desenhistas do jornal.

Editado pela Fundação Hergé/Edições Moulinsart, em 2006, tem 63 páginas, formato de 24 x 31,2 cm e capa dura. O mais legal nele é uma réplica do primeiro número do Jornal Tintin, encartado no final do livro. Este presente adicional foi confeccionado em papel que imita a textura do papel de um jornal de verdade e fornece todo o clima deste antigo e precioso hebdomadaire. Apesar de não ser da época, trata-se de um importante documento da memória dos quadrinhos europeus. Estão lá: O Templo do Sol (Hergé), O Segredo do Espadão (E.P. Jacobs), A Extraordinária Odisseia de Coretin (Paul Cuvelier), A Guerra dos Mundos (H.G. Wells), entre outras atrações.

É claro que Les Coulisses do Journal Tintin continua inédito no Brasil. É como um amigo quadrinista me disse uma vez: “Isto não faz parte de nossa cultura”. É duro, embora seja a realidade! Para piorar as coisas, ele não estava só se referindo aos quadrinhos europeus. Ele falava de HQs, de uma maneira geral. O público adulto brasileiro, em sua maioria, não encara quadrinhos como arte ou leitura corriqueira e considera que gibi é coisa de criança. Embora não possa generalizar, ler é um hábito que poucos cultivam em solo nacional. Dizer que o preço dos livros e quadrinhos é o responsável por isso é profundamente incorreto, quando sabemos que existem ótimas bibliotecas, particulares e públicas, pouco frequentadas pelas pessoas. Vamos mudar esse quadro? Ler é fundamental!

A seguir, veja algumas fotos que tirei de parte deste fascinante material, mostrando o encarte especial que é tema da matéria.

Por PH.

Imagens: : Éditions Moulinsart  / Fondation Hergé.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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