Quadrinhos

Na Livraria Leonardo da Vinci, encontramos “Les Krostons” e “Corentin”, duas pérolas dos quadrinhos franco-belgas

Escrito por PH

DSC05795Em visita à Livraria Leonardo da Vinci, neste mês de fevereiro de 2015, encontrei dois quadrinhos que costumava ler, quando pequeno. Estes e outros fazem parte de uma grande promoção de HQs que está sendo realizada pela loja. Os descontos podem chegar a 50%. É um prato cheio para quem domina a língua francesa, já que a maioria das publicações está disponível nesta língua. São edições raras, algumas editadas ainda nos anos 1970. Não perdi tempo e fui logo pedindo para que me registrassem com minha câmera, segurando Les Krostons: L’héritier e Corentin: Le Poignard magique, conforme a penúltima imagem a baixo.

Começo então falando da HQ que aparece na foto acima, à esquerda. Completamente desconhecida no Brasil, Les Krostons foi uma das primeiras séries franco-belgas que conheci, depois de Asterix, Tintin e Lucky Luke. Ela surgiu em 1968, idealizada por Arthur Piroton (texto) e Paul Deliège (arte). O que me chamava atenção neste quadrinho, eram os invocados protagonistas esverdeados com cara de demônio. Segundo a primeira aventura dos personagens, e isto faz parte da trama, eles teriam sido criados por Max Ariane. O artista fictício aproveitou alguns rabiscos, feitos por seu filho, para dar vida a seus novos e pequenos heróis. Ele não sabia que a partir daquele momento, havia liberado criaturas das trevas que estavam aprisionadas, há um bom tempo, e que sua casa passaria a ser misteriosamente assombrada. A figura de Max Ariane foi inspirada no cantor belga Marc Aryan, artista que fez sucesso nos anos 1960.

A partir da segunda história de Les Krostons, o desenhista Paul Deliège assumiria a confecção das edições, sem o auxílio de Piroton. Basicamente, os “heróis” são três diabinhos que possuem a habilidade de passar da segunda para a terceira dimensão. Essas criaturas vestem um traje verde e uma espécie de cartola vermelha que possui o emblema de um crânio. Apesar de seu aspecto engraçado, Os Krostons são perigosos e ninguém deve subestimar seu potencial para malvadezas. Somente Monsieur Flamberge conhece inteiramente o segredo destes seres.

Primeiramente, as aventuras dos Krostons tiveram lançamento, em capítulos, no Jornal Spirou, a partir de 1968. Depois, pelas Éditions Dupuis, saíram os seguintes álbuns: La menace des krostons (1972), Balade pour un kroston (1975), La maison des mutants (1979), La vie de château (1982) e L’héritier (1984), que é o um dos títulos mostrados na foto que ilustra o post. Já pela editora Points image, foi publicado Les krostons sortent de presse.

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O segundo quadrinho que vi na Livraria da Vinci, à direita na foto, é de autoria de Paul Cuvelier, um quadrinista belga que se destacou por Corentin. Pintor amador, Cuvelier nasceu na cidade de Lens, em 1923. Assim como Hergé, o pai de Tintin, seu primeiro trabalho saiu no jornal Le Petit Vingtième, quando ele tinha apenas sete anos. Em 1946, o desenhista fez sua estreia na revista juvenil Bravo, com Tom Colby. Corentin surgiu neste mesmo ano, diretamente para desfilar pelas páginas do Jornal Tintin. A saga sempre teve o traço de Cuvelier, mas possuiu diferentes roteiristas, entre eles: Jacques Van Melkebeke, Greg, Jacques Acar e Jean Van Hamme.

Corentin é um órfão bretão que escapa de ser morto por um assassino e vai parar na Índia, onde viverá a maior parte de suas aventuras e encontrará o amigo Kim. Publicados pela Le Lombard, seus títulos que circularam em livrarias foram: Les Extraordinaires Aventures de Corentin (1950), Les Nouvelles Aventures de Corentin (1952), Corentin chez les Peaux-Rouges (1956), Le Poignard magique (1963), Le Signe du cobra (1969), Le Prince des sables (1970) e Le Royaume des eaux noires (1974). Somente em Le Poignard magique, o herói retorna à Bretanha.

Em 1974, por ocasião do Prix Saint-Michel, em Bruxelas, Cuvelier levou o Prêmio de Melhor Trabalho Realista.

Corentin bom

Infelizmente, nenhuma das duas séries abordadas neste post foram lançadas no Brasil. Uma pena! Só podem ser encontradas no país, com muita sorte, em francês! Conheço as duas, pois sou extremamente fã de toda a produção de banda desenhada que vem do Velho Continente. Junto este tipo de material, desde 1973, quando ainda era criança. Já se vão muitos anos, desde então! Tudo o que adquiri até hoje, faz parte de meu acervo pessoal. Não conheço ninguém no Brasil que tenha tido uma trajetória assim, em se tratando de coleção de quadrinhos. Geralmente, o público nacional dá mais atenção às HQs americanas. Também passei por este segmento, comprando super-heróis da DC e Marvel, no passado, mas procurei me dedicar ao universo franco-belga de BD. Se ninguém conhece nada do que falo, no Tujaviu, estou aqui para dividir minha experiência neste campo com os leitores e fazer com que o incrível mercado europeu de HQs fique mais conhecido no Brasil. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, já diz o velho ditado.

Não deixe de passar na Livraria Leonardo da Vinci para conferir seu vasto acervo de livros e quadrinhos. A loja surgiu nos anos 1950, é uma das mais antigas da cidade e aceita encomendas internacionais. Ela fica no subsolo do número 185 da Avenida Rio Branco, no lendário Edifício Marquês de Herval. Na última foto postada, dá para ver a pilha de álbuns em capa dura que ainda estão à venda por lá. Corra para garantir a sua! A Leonardo da Vinci também vende publicações em português.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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