Quadrinhos

Desvendamos os segredos de “Olho de Perdiz: O Segredo do Cachimbo”, uma das primeiras histórias em quadrinhos de Jacques Martin

Escrito por PH

DSC05623Enquanto os lançamentos nacionais e estrangeiros de quadrinhos não se firmam em quantidade, neste começo de 2015, aproveitamos para comentar algumas HQs que pertencem ao acervo do site. Uma destas raridades é Œil de Perdrix: Le secret du Calumet (Olho de Perdiz: O Segredo do Cachimbo). Publicada originalmente em 1947, por Éditions Bravo, é a primeira grande banda desenhada de Jacques Martin, realizada sob o pseudônimo de Marleb. Este foi o nome dado a Martin e a seu amigo, o desenhista Henri Leblicq, por ocasião de uma rápida pareceria que formaram, para produzir o volume, e que ainda seria responsável por um segundo tomo da série, intitulado Le signe du naja.

Para quem não conhece, Martin foi um dos mais próximos assistentes de Hergé, o criador de Tintin, ao lado de Bob de Moor e de Edgar Pierre Jacobs. Ele é o pai de Lefranc e Alix.

Relançado em 1991, por Claude Lefrancq Éditeur, Le secret du Calumet tem capa dura, formato de 22,2 x 29,3 cm e fez parte da Collection Intégrale, que também fez ressurgir Bouldaldar (Sirius) e Fanfan et Polo (Dino Attanasio e Jean Michel Charlier).

Em Le secret du Calumet, um dos desenhistas mais meticulosos dos quadrinhos, que costumava reproduzir Roma e outras civilizações do passado com perfeição, foi responsável por uma aventura fantasiosa, muito pouco galgada em pesquisas e referências plausíveis. A história se passa na parte canadense da América do Norte, no final do século XIX, e tem o índio Olho de Perdiz como personagem principal. A trama do quadrinho envolve o roubo de um cachimbo sagrado que pertence ao bando de Perdiz. Dentro do artefato, está escondida a localização de um tesouro ancestral.

O lado inverossímel da narrativa fica evidente, quando seus autores posicionam nosso herói e seus amigos nativos numa aldeia próxima a uma floresta tropical que não poderia existir naquela região. Em relação ao traço da HQ, este não é tão próximo daquele que vemos em Tintin e não chega nem perto do visual da futura e detalhada produção de Martin, obra que o colocaria entre os grandes mestres da Ligne Claire. Na verdade, o que mais aproxima este volume do estilo de Hergé, está no uso de expressões fortes e blasfêmias no texto, semelhantes aos impropérios proferidos pelo Capitão Haddock.

Infelizmente, a colaboração entre Martin e Leblicq foi de curtíssima duração, resultando numa franquia muito pouco conhecida, até pelos mais fervorosos admiradores e leitores de HQs europeias. Este curto trabalho antecederia a entrada do quadrinista para a equipe do Jornal Tintin em 1948, com Alix, e o surgimeto de Lefranc, em 1952. Œil de Perdrix, no fim das contas, tem o mérito de  mostrar os primeiros passos de um dos mais famosos mestres dos quadrinhos de todos os tempos. É um importante item de coleção.

O exemplar que está guardado na coleção do Tujaviu, visto a seguir, pode ser comprado por 8 euros na internet. Já o álbum original, de 1947, que não possuímos, chega a alcançar o valor de estratosféricos 80 euros. A capa desta pérola corresponde à segunda imagem mostrada.

Por PH.

Untitled-2

Calumet original

DSC05625

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

1 Comentário

Deixe seu comentário