Conheça Monsieur Tric, de Bob de Moor, um atrapalhado professor que se mete em hilárias confusões

Bob de Moor foi um dos mais próximos e eficientes assistentes de Hergé, o pai de Tintin. A colaboração incluiu, entre outras, uma participação ativa no álbum A Ilha Negra (1938), por ocasião da reedição do volume, na Inglaterra, em 1965. Nesta oportunidade, chegou a redesenhar, ele próprio, boa parte das pranchas originais de autoria de seu mestre. O artista nasceu na Antuérpia, em 1925, vindo a falecer, em 1992, na cidade de Bruxelas. Deixou uma vasta obra solo, de estilo Ligne Claire, que inclui o ator e detetive Barelli, conforme já foi mostrado aqui no Tujaviu. Outro de seus personagens que fez sucesso, antes de Barelli, foi Monsieur Tric (Senhor Tric), uma espécie de Monsieur Hulot de papel que apareceu pela primeira vez, em 1950, nas páginas do Jornal Tintin. Com esta série, Bob explorou ao máximo o seu talento nato para o humor. Também conhecida como Professeur Tric ou Monsieur Troc, a franquia teve nove de suas histórias escritas por Goscinny, um dos criadores de Asterix, no tempo em que Bob de Moor estava bastante ocupado nos Studios Hergé. Para quem não sabe, pois o herói é completamente desconhecido no Brasil, o Senhor Tric é um simpático professor que vive se metendo em hilárias confusões. Tric teve 67 episódios, os mais longos com duas ou três páginas, que duraram até 1983. Toda esta produção foi reeditada na França em 2012, pelas Edições BD Must, impressa em magnífico papel Munken Crème. Trata-se de uma coleção luxuosa, em que cada um de seus cinco álbuns numerados tem capa dura, formato de 22 x 30 cm, 32 páginas, um Ex-libris de cortesia e preço unitário de 19,95 euros. Somente 1000 unidades com todos os volumes foram publicadas, o que justifica seu preço elevado. Há ainda a opção de se comprar uma versão integral, por 100 euros, que contém todas as edições mencionadas. Esta variação também teve uma tiragem limitada a apenas 1000 exemplares, incluindo biografia ilustrada de Bob, escrita por Gilles Ratier, e os cinco Ex-libris presentes nos tomos avulsos. Para realizar esta façanha, a BD Must conseguiu reunir pelo menos 29 artes com cores originais de Monsieur Tric, produzidas ainda nos Studios Hergé, enquanto Bob trabalhava nas aventuras de Tintin. O restante, correspondente a partes em preto e branco, sofreu um detalhado processo de colorização. É a primeira vez em que Monsieur Tric dá as caras, em muitos anos, numa qualidade que não chegou a exibir, nem na época em que era publicado regularmente na Europa. Os que leem o francês, ou simplesmente aqueles fervorosos admiradores da Linha Clara, tem obrigação de conferir o material. Só para esclarecer, a Linha Clara é um estilo de desenhar HQs que privilegia traços simples para personagens, cores chapadas e pouco ou nenhum sombreado. Os artistas atuais que transitam por este segmento preferem situar as narrativas de suas obras entre os anos 1950 e 1960, embora isto não seja uma regra.

Imagens: BD Must / Bob de Moor.

Por PH.