Dia destes, estava conferindo mais um volume da série Akissi, praticamente inédita no Brasil. Digo praticamente, pois apenas o primeiro tomo, Ataque dos Gatos, saiu aqui pela Editora Ática. O restante de suas quatro edições só pode ser encontrado, em francês, publicado pelas Edições Gallimard. Acho uma pena que as editoras brasileiras lancem séries e as cancelem logo no primeiro número, caso a saída inicial nas livrarias não seja como o desejado. Não sou livreiro, nem editor, mas é lógico pensar que é preciso insistir em algumas franquias de quadrinhos neste país. Caso isso não aconteça, personagens desconhecidos em terras tupiniquins, nunca ficarão populares entre o grande público. Todos sabemos que editar um livro é algo estritamente comercial, mas abandonar projetos por vendas baixas nem sempre é o melhor a ser feito. Seguindo esta linha de pensamento, todo o investimento que se faz para determinado lançamento vai completamente por água a baixo. Como tenho espírito desbravador e possuo algum conhecimento de idiomas, costumo importar as HQs que amo e, infelizmente, não vejo por aqui. Alguns títulos que obtenho vem por meio de viagens que faço, quando possível. Assim que os leio, publico suas resenhas no site, com o objetivo de que o leitor saiba o que está perdendo, em termos de quadrinhos que são produzidos na Europa. Um desses casos é Akissi, HQ cuja arte pertence ao desenhista francês Mathieu Sapin, mesmo autor de Une Fantasie du Docteur Ox (Uma fantasia do Doutor Ox). O roteiro é de Marguerite Abouet, escritora que ficou famosa por desenvolver a saga africana de Aya de Yopougon, com Clément Oubrérie. Akissi é uma garotinha curiosa e agitada que habita a Costa do Marfim, assim como Aya. Ela é muito levada e costuma se meter em confusões. Às vezes, faz alguma molecagem e deixa a culpa cair em algum amigo. Akissi possui um irmão, chamado Fofana, que não aprecia a sua companhia e sempre a diminui perante os outros. A menina tem um macaco como bicho de estimação e consegue, incrivelmente, transformar dificuldades e pobreza em diversão e pura mágica infantil. No tomo três da saga, justamente o que conferi recentemente, intitulado Vancances Dangereuses (Férias Perigosas), Akissi e um grupo de crianças são levados para passar as férias longe de casa. O adulto responsável pelo grupo é a senhora Mémé. Logo na primeira trama do álbum, chamada Vole-Mouton, o motorista do ônibus em que a galerinha viaja resolve correr muito e se esquece que há um carneiro preso ao teto do veículo. Numa curva fechada, um dos pneus estoura e o bichano é arremessado em um precipício. A partir daí, a diversão não para! Depois, Akissi resolve subir em uma árvore para pegar um coco e o fruto cai na cabeça de Memé. E agora? A endiabrada menina escapará de uma severa e merecida punição? As partes mais hilárias da HQ ficam por conta dos momentos em que Akissi tem vontade de ir ao banheiro e passa por alguns apertos no meio do mato. Leitura saudável para todas as idades, “Akissi: Férias Perigosas” tem capa dura, formato de 21 x 27 cm, 44 páginas coloridas e bônus, no final, ensinando a fazer tranças afro e um doce de caramelo típico da região. No total, a edição apresenta sete histórias.
Por PH.
Imagens: Gallimard.
Existem publicações que agradam e outras não, mas todos são capazes de transmitir algum conhecimento ao leitor como esta do acervo do site Tujaviu.
Obrigada por compartilhar seu acervo o importante não é o que leio e sim o proveito que tiro daquilo que leio Simplesmente imperdível!