Conferimos O Processo, versão em quadrinhos do célebre romance de Franz Kafka

Um dos grandes lançamentos em quadrinhos deste começo de 2014 é O Processo, da Editora Veneta, versão em quadrinhos do célebre romance de Franz Kafka. O autor nasceu em Praga, então parte da Áustria e o Império Húngaro, e costumava redigir em alemão. Ele era o filho mais velho de um judeu de classe média e dono de uma loja. Considerado como um dos carros-chefe da literatura mundial, O Processo relata o drama de Joseph K., um homem que acorda numa determinada manhã, sofrendo uma terrível injustiça. Ele é preso e submetido à dureza da lei e ao absurdo da burocracia da autoridade. Ele terá de provar sua inocência, frente a acusações desconhecidas, o que faz lembrar o caso recente do ator Vinicius Romão, detido por 16 dias, por engano, por um crime que não cometeu. Os responsáveis pela adaptação de O Processo para as HQs são o quadrinista francês Chantal Montelier e o roterista americano David Zane Mairowitz. O álbum saiu na França, em 2009, pela Actes Sud e finalmente chega ao Brasil. Sua versão nacional tem formato brochura de 16,7 x 24,2 cm, 128 páginas em preto e branco e preço de R$ 34,90. Esta semana, tive a oportunidade de conferir o quadrinho, adquirido na Blooks Livraria do Rio de Janeiro, e aprovei o que li. A tradução, de Letícia de Castro, foi feita a partir da edição em inglês, cujo título é The Trial. Ao todo, o volume tem nove capítulos. No começo, há uma mini-biografia de Kafka. Os resumos das trajetórias profissionais de Montellier e Mairowitz aparecem no final. Como os dois outros romances de Kafka, O Castelo e América, O Processo só foi publicado depois da morte do autor. Antes de falecer de tuberculose, quando tinha 40 anos, pediu para seu amigo Max Brod dar fim a todas as suas obras que não haviam editadas. Felizmente, Brod não cumpriu a vontade do artista e acabou sendo o responsável por preparar o material para virar livro. Não deve ter sido uma tarefa fácil, já que alguns capítulos não passavam de puros fragmentos. A primeira edição de O Processo saiu em 1925. Acabou fazendo parte de um precioso legado de Kafka, autor que escrevia de maneira esporádica e apenas à noite. Também fazem parte de sua obra: A Metamorfose (1915) e A Colônia Penal (1919). Chantal Montellier é o desenhista de L’Inscription, quadrinho de 2011 que torço para ser lançado pela Veneta.