Joann Sfar é um cultuado desenhista e diretor de filmes. Nascido em 1971, em Nice, ele é um dos mais respeitados talentos da nova geração de autores de HQs na França. Entre suas obras mais conhecidas, estão: a série O Gato do Rabino e uma releitura de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Ambos foram publicados no país por Jorge Zahar Editor. A maior parte das produções de Sfar mostra aspectos religiosos da cultura judaica, refletindo o fato dele ser descendente de judeus. Suas grandes influências estéticas passam por: Fred (Philemon), André Franquin (Spirou), Will Eisner (The Spirit), Hugo Pratt (Corto Maltese), John Buscema (Os Vingadores e O Surfista Prateado) e Hergé (Tintin). O traço de Sfar não costuma ser muito preciso e suas linhas são intencionalmente imperfeitas. Tudo é preenchido com cores chapadas que lembram a Ligne Claire fanco-belga. Em visita à Livraria Leonardo da Vinci, no Rio, encontrei três diferentes trabalhos do quadrinista. O primeiro deles é o terceiro volume da saga Les Olives Noires, fugindo completamente ao estilo despojado de Sfar. O motivo tem a ver com a escolha do artista para dar vida a este projeto, o parisiense Emmanuel Guibert, que opta por um outro tipo de desenho. Como nesta empreitada, Sfar entrou apenas com o roteiro, “Les Olives Noires: Tu Ne Mangeras Pas Le Chevreau Dans Le Lait De Sa Mère”, de 2003, tem uma construção clássica, não apresentando as costumeiras distorções que são sua marca registrada. Mais parece um Blake e Mortimer, situado há 2000 anos no passado. Na trama deste tomo 3, um jovem hebreu acompanha seu pai à cidade de Jerusalém, dos tempos de Jesus, por ocasião da celebração da Páscoa. Só que nesta época, a Terra Santa estava dominada por tropas romanas e as coisas acabam tomando um rumo diferente, quando o povo resolve aproveitar o evento para protestar contra a ocupação. No meio da confusão, o menino desaparece e vai parar no meio do confronto, ao lado de anões gladiadores. Esta excelente HQ da Dupuis transporta o leitor para tempos bíblicos, numa detalhada reconstrução de época. Ainda na Leonardo da Vinci, me deparei com duas outras genuínas maravilhas de Sfar: La Vallée des Merveilles – vol. 1: Chasseur-Cueilleur (2006) e Klezmer (2007). Nos dois casos, Sfar é o único responsável pela arte. Em La Vallée des Merveilles, da Dargaud, a história acontece na pré-história, quando Pote de Mel, sua família e amigos vivem numa região paradisíaca, às margens do Mediterrâneo. Quando a garota e seu amigo Nuit de Câlins saem para caçar, encontram dinossauros, dragões e um monte de figuras estranhas em seu caminho. Quando voltam a seu lar, estarão enriquecidos de novas experiências, de comida e de receitas diferentes que revolucionarão a gastronomia vigente. Já em Klezmer, da Editora Gallimard, encontramos um dos quadrinhos mais pessoais de Sfar, misturando sua paixão pela música e interesse pela história e tradições judaicas. Infelizmente, nenhuma das HQs descritas no post tem tradução para o português, mas é bom sabermos que este tipo de material existe e que poderá chegar, um dia, às livrarias brasileiras. Sonhar não custa nada! A livraria Leonardo da Vinci, lar dessas preciosidades, está modernizando a sua seção de HQs e possui variados quadrinhos nacionais e estrangeiros. Ela é uma das mais tradicionais lojas cariocas do gênero, abraçando todo tipo de literatura. Vale a pena dar uma passada por lá. A Da Vinci fica na Avenida Rio Branco, 185, no Centro do Rio do Janeiro. Abaixo, veja as fotos que tirei dos três volumes que são tema da matéria, incluindo seus respectivos preços e capas. E viva Joann Sfar!
Por PH.
Ah… Adoro essas novidades e descobrir essas raridades da nona arte, obrigada por nos proporcionar essas emoções diariamente amo vocês!