Há alguns meses, passeando pelo sebo Beringela, tive a sorte de encontrar a primeira edição de Estórias Gerais, clássico dos quadrinhos nacionais, de autoria do saudoso desenhista Flavio Colin e do roteirista Wellington Srbek. Na ocasião, apesar da raridade da publicação, não a tinha comprado. Mas como diz o velho ditado, “o que é do homem, o bicho não come”, retornei ao mesmo local, nesta semana, e a graphic novel estava ainda lá, como que me esperando. Não teve jeito! Foi parar na coleção. A HQ foi feita em 1998 e impressa, no ano de 2001, num total de 1000 exemplares. O projeto, realizado com os benefícios da Lei de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, teve o apoio da prefeitura de BH. Na época, cada exemplar saiu a módicos R$ 7,90, produzidos em brochura e formato de 19,5 x 28 cm. Com um traço em preto e branco que fala por si só, este quadrinho tem seis capítulos: Antônio Mortalma, Tenente Floriano, Coronel Soturno, Odorico Pereira, O Pai-do-Mal e O Duelo. Sua trama se passa no sertão mineiro, da década de 1920, em meio a coronéis e jagunços, disputas entre grupos rivais e narrativas fabulosas, contando a trajetória de Ulisses Araújo. O jornalista é enviado ao fictício vilarejo de Buritizal, no norte de Minas Gerais, para investigar a vida do bandoleiro Antônio Mortalma. Seu trabalho não será nada fácil, num ambiente hostil e violento em que os jagunços são caçados pelo exército, comandado pelo coronel Odorico Pereira. É bom lembrar que este quadrinho saiu depois, em 2007, pela Conrad. Já em 2012, ganharia sua edição definitiva, através da Nemo, num belíssimo volume de 22,5 x 32 cm que preservou o tamanho original em que suas páginas foram desenhadas. Também ganhou uma tiragem na Espanha, em 2006, pela Editions De Ponet e deverá ser lançada na França. Estórias Gerais venceu o Troféu HQ Mix, como melhor graphic novel nacional e melhor roteirista nacional, além de ter ganho o Prêmio Angelo Agostini de melhor roteirista e melhor desenhista. Neste exemplar que serviu de base para a matéria, só faltou mesmo a dedicatória de um dos autores, feito que será conseguido na 8ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos, o famoso FIQ. O evento acontece de 13 a 17 de novembro, de 9h às 22h, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, com entrada é franca. Estarei lá, sem falta, e pedirei ao Wellington Srbek que escreva algumas singelas palavras neste raro item de coleção. O sebo Beringela, onde achei o tesouro, fica na Avenida Rio Branco, 185, no centro do Rio. vale a pena visitá-lo. É um dos melhores da cidade.
Por PH.
