Para quem não conhece, Michel Vaillant é um herói francês dos quadrinhos que foi criado, em 1957, por Jean Graton. Trata-se de um piloto de corridas que Já teve mais de 70 títulos publicados por várias editoras, incluindo a gigante Dargaud, e que segue impresso por selo próprio, o Graton Éditeur. No Brasil, Michel apresentou uma carreira curta, sendo editado por: Editorial Bruguera, Vecchi e Hemus. Em Portugal, a trajetória de Michel foi bem mais longa. Seus álbuns foram lançados pela editoras: Bertrand, Meribérica, Distri, Panini Comics/Correio da manhã, Revista Autosport e Asa/Público. Nas telinhas, Michel Vaillant foi tema de uma série de TV de 13 episódios, em 1967, disponível em DVD na Europa. O programa, nunca exibido em nosso país, apresentou Henri Grandsire no papel de Michel. Mais recentemente, em 2003, o famoso diretor Luc Besson, de Imensidão Azul e O Quinto Elemento, roteirizou uma versão de Michel Vaillant para o cinema. Por aqui, o filme foi parar apenas nas locadoras, recebendo o nome de “Fúria sobre Rodas”. Em fins de 2012, Michel ganhou uma repaginada histórica, numa associação entre Éditions Dupuis e Graton Éditeur. O álbum que deu partida para uma nova fase do personagem se chama Au non du fils (Em nome do filho). Nele, Michel faz a sua volta aos grandes circuitos internacionais. Segundo a trama da aventura, sofrendo a concorrência de fabricantes de automóveis estrangeiros, o clã Vaillant terá de se adaptar a um novo cenário. Não será nada fácil, já que Henri Vaillant, patriarca da família, resiste às mudanças que deverão incluir a produção de um inovador motor elétrico. Estressado, também passa por adversidades conjugais com a esposa Elisabeth. Enquanto isso, três gerações de homens e mulheres concentram o destino da empresa em suas mãos. Como parte do processo de renovação da marca, o desafio inicial será o de vencer o WTCC, disputado campeonato do universo da velocidade, e preparar o retorno dos Vaillant à Fórmula Um, categoria da qual estão ausentes há bastante tempo. O texto da aventura foi escrito por Philippe Gratron, filho do criador original da franquia, e Denis Lapière. Os desenhos ficaram a cargo de Marc Bourgne e Benjamim Benéteau. Quanto às cores, Christian Lerolle e Sébastien Gérard deram o toque final. Bastante modernizado, o novo traço de Michel Vaillant perdeu muito de seu charme retrô, adqurido nos anos 1960 e 1970, época em que suas melhores histórias foram realizadas. Em compensação, o roteiro ganhou carga dramática. É que além de estar disputando provas de corrida, Michel passa por sérios problemas com seu filho Patrick, jovem que vive isolado de seus familiares, há anos, em um colégio na Suíça. Todo este aspecto emocional no roteiro fez com que as novas aventuras de Michel Vaillant, já criticadas pelos mais puristas, se renovassem por completo. É bom lembrar que em suas primeiras narrativas, o corredor agia muito mais como uma espécie de detetive, envolto em misteriosos casos que aconteciam paralelamente aos grandes prêmios dos quais participava. Olhando para sua trajetória inicial, podemos dizer que Michel era uma espécie de Ric Hochet do automobilismo. O problema é que com o passar do tempo, Graton, um amante das corridas, começou a entrar cada vez mais no mundo da velocidade, a ponto de suas tramas se resumirem quase que exclusivamente ao tema. Quando se parte por um caminho tão segmentado como este, corre-se o risco de deixar de contemplar um público leitor mais abrangente e não apenas interessado no universo das corridas. Com as nítidas mudanças que se apresentam nesta recente fase de Michel Vaillant, é possível que ele retome o brilho do passado e volte a enfrentar novos e emocionantes desafios, muito além das pistas, conforme dizem as legendas finais que aparecem no book trailer abaixo. Valeu a pena se reciclar! O que falta mesmo, é o herói retornar ao Brasil. Seu traço e roteiro atualizados seriam uma ótima oportunidade para tal.
Por PH.
Sou uma eterna apaixonada por quadrinhos, que está sempre em busca de aprendizado, de novos conhecimentos. Obrigada por tudo isso.