Editora Nemo mostra que é possível publicar, no Brasil, HQs de origem europeia com a mesma qualidade das originais e a preço inferior

No fim de semana passado, em visita à Livraria da Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro, tive uma oportunidade única. Na ótima seção de quadrinhos da loja, pude observar dois exemplares de A Trilogia Nikopol, de Enki Bilal, uma fantástica HQ de 184 páginas da mais pura arte. Apesar de parecerem exatamente iguais, as únicas diferenças entre eles estavam em seu idioma e no preço. Um era importado, da Casterman, custando R$ 191,90, enquanto o outro, editado pela mineira Nemo, saía a exatos R$ 69,00, uma verdadeira bagatela pelo alto nível do produto brasileiro. Por incrível que pareça, esta novata empresa que chegou no ano de 2011, pertencente ao Grupo Autêntica, tem conseguido inserir no mercado brasileiro, primorosas edições em capa dura que conseguem ser absolutamente iguais às originais estrangeiras, mas que tem custo sensivelmente mais baixo. Mais um exemplo desta incrível mágica da Nemo é encontrada no preço do álbum Tetralogia Monstro, a ser lançado em breve no Brasil. Na Fnac francesa, por exemplo, o volume fica em torno de 52,21 €, sem contar as despesas de frete para o país, o que corresponde a cerca de R$ 156,76. Dá para imaginar, o quanto teríamos de pagar por ele, adicionando-se o valor do porte à encomenda? Seria um verdadeiro absurdo! Impressionado com este detalhe, que pode ter passado despercebido para a maioria dos fãs da Nemo, resolvi fazer esta matéria. O objetivo é mostrar que é possível fazer um trabalho editorial digno, caprichado e que vá de encontro ao bolso do consumidor nacional. Parabéns à Editora Nemo! Outro elogio vai direto para a carioca Livraria da Travessa. Nesta rede, é possível passar agradáveis momentos. O cliente pode ler qualquer livro ou revista das prateleiras, antes de comprá-lo, em confortáveis sofás. Ninguém é perturbado pelos vendedores. É como se estivéssemos em casa. As imagens, a seguir, foram registradas com a câmera de meu celular e nenhum funcionário da Travessa se opôs à ação. Para falar a verdade, nem precisei pedir nada a eles. Primeiro mundo!