Quadrinhos

Clássica aventura de Freddy Lombard, de Yves Chaland, está sendo relançada

Escrito por PH

Lombard matériaDesde a morte de Hergé, em 1983, vários artistas europeus tem tentado reproduzir o jeito de desenhar deste belga, cujo nome verdadeiro era George Rémi. Ele foi o criador de Tintin e maior representante da Ligne Claire, um segmento da Nona Arte que utiliza cores chapadas e pouquíssimo ou nenhum sombreamento. Podemos citar como artistas que já beberam desta fonte: Joost Swarte, Ted Benoît, Edgar Pieree Jacobs, René Sterne, André Juillard, Serge Clerc, Floc’h e Yves Chalan, entre outros. De todos estes, Chaland teve uma importância recente para o gênero. O artista não é um ilustre desconhecido no país. Em 1992, a Editora Scipione publicou o livro ilustrado A Mão Decepada, com seus desenhos e texto de Jean-Luc Fromental. Chaland faleceu em 1990, vítima de um acidente de carro, deixando uma vasta obra que teve seu auge nos anos 1980. Ele publicou suas primeiras pranchas no fanzine Biblipop, quando tinha apenas 17 anos. Com um traço bastante retrô, cheio de referências aos anos 1950, Chaland deu vida aos personagens Bob Fish, Adolphus Claar, Le Jeune Albert e Freddy Lombard. Meu preferido é justamente Lombard, um herói que tem visual muito semelhante ao de Tintin, mas possuindo temperamento inquieto e jeito de se portar, não tão certinho quanto o do pequeno repórter belga. Seus melhores amigos de histórias são Dina e Sweep. Freddy gosta de livros e aventuras e já buscou, entre outras coisas, por valiosos tesouros perdidos, além de ter ido parar na África, onde se viu envolto em intrigantes mistérios com Elefantes. Já em La Comète de Carthage (1986), terceiro número da saga, editado pela primeira vez, em 1986, por Les Humanoïdes Associés, a descoberta de um cadáver de uma jovem tunisiana afogada numa praia de Cassis, região de Marseille, leva Freddy Lombard e seus companheiros a uma nova enquete, ao mesmo tempo em que um cometa se aproxima da Terra. Seria o fim do mundo? Para apimentar a trama, nosso herói se apaixona, cegamente, por Alaïa, modelo vivo e musa inspiradora do tirânico escultor Carrier-Deleuze. Merecidamente, La Comète de Carthage está sendo reimpressa por Les Humanoïdes Associés. Com 48 páginas coloridas, nova capa e preço em torno de 24,95 €, o volume tem lançamento previsto, na França, para o dia 9 de outubro. Esta é mais uma daquelas publicações que fico imaginando, traduzidas para o português. Isto, infelizmente, nunca aconteceu, mas não perco as esperanças. É por isso que continuo a escrever, insistentemente, sobre esta maravilhas dos quadrinhos europeus, na esperança de que os leitores comecem a prestar atenção na quantidade de obras com sotaque europeu que ainda estão por serem descobertas. Abaixo, veja a capa escura do antigo exemplar de La Comète de Carthage, presente na coleção do site, e a nova versão que chegará, em breve, às livrarias do Velho Continente. As imagens incluem uma de suas pranchas. Não são de um bom gosto extraordinário? Até que alguma editora nacional se toque do potencial deste tipo de HQ, para nosso mercado, ainda teremos que depender de originais, exclusivamente editados em francês, e de loucos como eu, ousando em falar sobre este restrito tema no Brasil. No final de tudo, mostro a capa de A Mão Decepada.

Por PH.

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Amão Decepada

 

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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