A Ligne Claire é um estilo gráfico caracterizado por um traço com pouco ou nenhum emprego de sombreamento e uso de cores fortes e chapadas. Apesar de muitos pensarem que surgiu das mãos de Hergé, o criador de Tintin, foi apenas popularizado por este famoso autor belga. Um exemplo anterior deste grafismo já podia ser visto em Bécassine, personagem de quadrinhos criado por Émile-Joseph-Porphyre Pinchon, em 1905. Muitos autores já beberam da fonte e ainda flertam com este clássico segmento das HQs. Entre os vários desenhistas que tem esta característica em seu traço, estão: Edgar Pierre Jacobs, Eric Heuvel, René Sterne, Bob de Moor, Jooste Swarte, Chantal de Spiegeleer, Ted Benoît e Floc’h. Este último, em parceria com o roteirista Jean-Luc Fromental, é o autor de uma obra prima do gênero, intitulada Jamais Deux sans Trois. Tendo a marca das edições Albin Michel, o álbum saiu no dia 7 de maio de 1991. A história do volume se passa em 1950 e gira em torno de um triângulo amoroso. Don Monty é casado há sete anos, mas a esposa o trai com seu melhor amigo. Numa dessas noites da vida, a audaciosa puladora de cercas deixa Monty, com o objetivo de partir com seu proibido e tentador parceiro secreto. Tempos depois, os dois homens se encontram num cabaré para assistir a shows de strip-tease. Para surpresa da dupla, a estrela da noite, que irá tirar toda a roupa, não é ninguém menos do que sua amada em comum. A performance causa enorme espanto e a trama evolui para um desfecho que não revelaremos para não estragar a surpresa de quem ler o volume. De repente, o improvável acontece e alguma editora resolve publicá-lo no Brasil. Com um visual retrô e belíssimas e sensuais imagens, esta edição segue o mesmo modelo usado na trilogia Blitz, realizada por Floc’h e François Rivière. Em Jamais Deux sans Trois, cada cena é como um quadro que deve ser analisado com calma, prestando-se atenção a seus inúmeros detalhes. Nesta obra, há uma imensa preocupação com o desenho de mobiliário, roupas, carros e tudo mais que possa levar o leitor para um passado glamouroso, situado na década de 1950. Esta época, aliás, é bastante utilizada como pano de fundo para boa parte das narrativas de Ligne Claire. A edição tem capa dura, 56 páginas, e formato de 24 x 31,5 cm. Abaixo, veja algumas fotos que tiramos deste tesouro da Banda Desenhada que nunca teve tradução para o português, seja no Brasil ou em Portugal. O material é absolutamente cool!
Por PH.
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