Se você aprecia temas como Segunda Guerra Mundial e combates aéreos, gostará de saber que existe um quadrinho belga que transita muito bem por estes dois universos. Estamos falando de Gil Sinclair, personagem criado por Walli e Bom. Infelizmente, ele nunca teve tradução para o português, mas não é por isso que vamos deixar de falar nele. Sinclair é um francês, naturalizado americano, que é piloto da Aeronáutica dos Estados Unidos. Suas aventuras apresentam aquela marca inconfundível de Banda Desenhada franco belga e tem lá os seus elementos de Ligne Claire, abusando de cores fortes e chapadas. Nosso herói ostenta até um certo topete, talvez inspirado no de Tintin e Spirou. Sinclair tem como melhor amigo, Flint Bottleneck. Os dois participam de missóes arriscadas nos céus do Pacífico, Europa e Egito. A saga de Gil Sinclair se encerrou em 1994, com o álbum Le Murmure de Berlim. Antes deste, foram publicados: L’Ile Truquée (1990), Le Carnet Rouge (1991) e Mission Nid d’Aigle (1993). Com relação aos autores da obra, o desenhista Walli (André Van Der Elst) veio ao mundo, em 1952, na cidade de Bruxelas, onde trabalhou para o extinto Jornal Tintin e para as Editions du Lombard. O roteirista Bom (Michel de Bom) nasceu em Uccle, na Bélgica, e começou sua carreira em Publicidade. Junto com Sydney, criou Julie, Claire e Cécile, cujo vigésimo quarto tomo, Cinq ans après, saiu no dia 6 de julho de 2013. Os dois artistas já desenharam a série de HQs Modeste e Pompom (1981-1988), franquia que já teve o traço de André Franquin, um dos mais populares desenhistas de Spirou. Walli e Bom também imprimiram sua marca à Clorofila (1984-1988). Para ilustrar o que vem a ser Gil Sinclair, publicamos algumas fotos que tiramos do primeiro e segundo volumes, os únicos que temos no acervo do blog. Em L’Ile Truquée (Prêmio de Melhor Álbum Humorístico Bedesup de 1991), o avião dos dois amigos cai na selva da Birmânia. Eles não se ferem no acidente, mas esperam por um ataque terrestre iminente de japoneses que os cercam, protegidos pela escuridão da noite. Surpreendentemente, os pilotos vão parar em Parlony, uma cidade construída no meio da Floresta, reproduzindo Londres e Nova York com perfeição, incluindo o Big Ben e o Empire State Building. Já em Le Carnet Rouge, Gil e Flint irão ao Cairo, no Egito, onde enfrentarão emboscadas, atentados, traições e tempestades de areia. O que está em jogo é um misterioso caderno vermelho cobiçado pelos nazistas. Gil Sinclair é uma leitura divertida que traz ótimas referências geográficas e uma arte muito detalhada, mostrando aviões antigos que são minuciosamente retratados por Walli. O texto de Bom, apesar de ser ficcional, situa a narrativa em um contexto histórico real.
Por PH.
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