Pouca gente deve conhecê-lo, mas Jo Engo é um personagem dos quadrinhos Ligne Claire, com visual bem próximo ao de Tintin, que foi criado pelo desenhista Denis Frémond, em 1985. Trata-se de um jornalista, cujas improváveis aventuras são cheias de humor e infortúnios. Dois álbuns da série chegaram a ser publicados: La Grande Fièvre, (1986) e Opération du Troisième Type (1988), ambos pela Editora Albin Michel. Jo é um cara endinheirado, com mente fraca, poucos miolos na cabeça e que mora com a mãe em uma enorme mansão com estilo arquitetônico que lembra o da Casa Branca. Por dentro, a construção se assemelha ao Castelo de Moulinsart, residência oficial de Tintin e do Capitão Haddock. Só para darmos uma ideia do que o leitor encontra no segundo tomo da série, Opération du Troisième Type, Jo encontra um extraterrestre (o filho do Chefe do Universo) que lhe confere super poderes, com o objetivo de que ele os use para fazer o bem pela humanidade, combatendo as injustiças que assolam o nosso mundo. Graças a esta ajudinha, ele se torna indestrutível como o Superman, embora seus parentes não acreditem muito nisso. É aí que um primeiro grupo radical invade uma emissora em que Engo comanda um programa de TV. Os encapuzados o forçam a ler um manifesto e batem bastante nele. Toda essa pressão deixa Jo bastante nervoso e algo muito estranho acontece. Nosso contatado por alienígenas causa a destruição do prédio e arredores do canal de televisão em que está. Imediatamente, 4000 pessoas morrem, 11.000 ficam feridas e um bairro inteiro desaparece. Contra toadas as possibilidades, Joe Engo é o único sobrevivente da catástrofe, mostrando que se tornou mesmo imortal A notícia é transmitida para para milhares de telespectadores e descobre-se que graças a intervenção do misterioso ser espacial, Engo também consegue provocar grandiosas explosões, só com a força de seu pensamento. Basta estar nervoso e coagido, para que esse seu outro poder se manifeste. É algo parecido com o que acontece com o Dr. Bruce Banner e seu alter-ego Hulk, da Marvel. Só não há uma transformação propriamente dita. Como era de se esperar, os olhos de malucos mal intencionados de todos os gêneros convergem para Engo. Uma primeira louca, revoltada com a morte do marido, no Líbano, assassinado por milicianos fanáticos, consegue encontrar com o jornalista e fazer com que ele arrase a capital Beirute, exterminando 220.000 de seus habitantes. Depois, um bando de extremistas o rapta e o obriga a acabar com Washington, nos Estados Unidos, a partir do território francês. A ação mata 775.000 inocentes. Continuará nosso herói a provocar mais involuntárias destruições? Parece que sim, já que uma terceira organização criminosa, a Unita Naziunalista, o leva a arrasar metade de Paris. O total de mortos, desta vez, chega a 940.000, num típico exemplo de história que tinha tudo para terminar de maneira espetacular e que acaba, ironicamente, em tragédia absoluta. Por falar em final, é claro que não vamos revelar o desfecho real desta trama. A surpresa poderá ser descoberta, no dia em que algum editor nacional se interessar em publicar esta Banda Desenhada no país. Em relação ao artista que idealizou Joe Engo, Denis Frémond nasceu na França, em 1950, em Le Havre, na Normandia. Se dedicou inicialmente ao Teatro e, em seguida, foi parar no mundo da Nona Arte. No tempo em que esteve envolvido com quadrinhos, trabalhou para as revistas Pilote, Charlie Mensuel, Point e L’Écho des Savanes. Todo o material que gerou foi reunido em volumes pela Albin Michel, Dargaud e Humanoïdes Associés. Após desenhar “Les Aventures de Jo Engo, Journaliste”, publicou mais oito álbuns e desistiu das HQs. Atualmente, Frémond se dedica à pintura. Abaixo, veja a capa da primeira edição de Frémond e uma de suas pranchas. As outras imagens correspondem ao segundo volume de Jo Engo. Sua capa não poderia ser mais engraçada. Na ilustração, vemos Engo, perplexo, depois de ter arrancado metade da Torre Eiffel. Ao fundo, o alienígena que lhe deu poderes especiais aparece com os braços abertos, sem acreditar na enorme destruição que observa, aparentemente arrependido de ter escolhido Jo. Aliás, esquecemos de dizer que o tal E.T. não tem cara de visitante do espaço e que passaria despercebido entre nós, de bigode e boina, como o mais comum cidadão francês. Para quem não conhece o personagem tema deste post, Jo é o cara que aparece de óculos, chapéu e sapatos brancos, gravata borboleta vermelha, camisa branca, calças pretas e blazer azul. Quadrinho é cultura! Divulgue isso!
Por PH.
Les Aventures de Jo Engo, Journaliste
© 1986/1988 2013 Les Éditions Albim Michel.
Tous droits réservés.