Se Os Companheiros do Crepúsculo não fosse uma HQ, esta novidade da Editora Nemo poderia muito bem ser um quadro de um pintor famoso do passado. Fica difícil, descrevê-la como um simples álbum. Representante do que há de mais clássico no quadrinho europeu, segmento chamado por muitos de Nona Arte, trata-se de uma saga medieval que já foi tema do blog. Ela foi vista por poucos, no Brasil, quando foi importada de Portugal, via Editora Meribérica, durante os anos 1990. Eram três volumes luxuosos que acabam de perder, em qualidade, para a edição nacional que chega agora às livrarias. São 240 páginas que apresentam os capítulos: O Sortilégio do Bosque das Brumas, Os Olhos de Estanho da Cidade Glauca e O Último Canto das Malaterre. Seu autor é o mesmo responsável pela série Passageiros do Vento, já editada em terras lusitanas pela mesma Meribérica. Ficamos na expectativa de que esta outra coleção também venha nesta leva da Nemo, uma empresa que surgiu em 2011, pertencente ao Grupo Editorial Autêntica. Mesmo com pouquíssimo tempo de existência, ela vem mostrando a editores consagrados que é possível renovar o mercado editorial brasileiro de quadrinhos. Misturando fantasias, lutas violentas, cotidiano e erotismo, a história de Os Companheiros do Crepúsculo se passa no período conhecido como “Guerra dos Cem Anos”. A trama é centrada em três personagens: Mariotte, uma bela jovem criada pela avó feiticeira, que é sempre hostilizada pelos moradores de sua vila; Anicet, um dos cruéis jovens que atormentam a vida dela; e o misterioso Cavaleiro de rosto deformado, que carrega a culpa pela morte da única mulher que o amou de verdade e a maldição que o torna uma marionete das três forças que regem o universo: a branca, a vermelha e a negra. Após a destruição de sua vila por uma tropa de soldados que vagueava pela floresta, sem terem para onde fugir, Mariotte e Anicet acabam seguindo o misterioso Cavaleiro em sua cruzada pessoal contra as forças do Mal. Nesta viagem, o trio enfrentará pequenos duendes, camponeses inconformados com a destruição que a guerra provoca e até uma raça de criaturas que servem à força sombria. Tudo isto é criação de François Bourgeon, desenhista nascido, em 1945, em Paris. Formou-se como artista de vitrais, mas sua paixão por desenhos alterou o curso de sua carreira. Suas primeiras ilustrações foram publicadas em revistas na década de 1970.Foi com Os Passageiros do Vento, publicada na revista Circus em 1979, que começou a se tornar um artista reconhecido. Bourgeon é apontado como um pesquisador minucioso e seus desenhos, desde os navios do século 17 até o vestuário do século 14, têm a reputação de rigor histórico. Atualmente, ele vive na Cornualha, região da Bretanha. Os Companheiros do Crepúsculo tem tradução de Fernando Scheibe que optou por manter, no português, a maneira rebuscada de se falar que era usada na época em que se passa a narrativa. O formato do livro é 24 x 32 cm e seu preço está fixado em R$ 94,00, custo inferior ao da edição francesa original. Sua qualidade é absolutamente a mesma.
Por PH. Parte do texto foi retirada de release fornecido pelo editor.
Simplesmente primoroso!