Em 1964, o ator francês Jean-Paul Belmondo esteve no Brasil para filmar O Homem do Rio (L’Homme de Rio), uma aventura ítalo-francesa, dirigida por Philippe de Broca. A produção foi inspirada em roteiro de Ariane Mnouchkine, Daniel Boulanger, Philippe de Broca e Jean-Paul Rappeneau. A narrativa, nos moldes das histórias de Indiana Jones, James Bond e Tintin, é originada pelo furto ocorrido num museu francês, de uma antiga estátua que teria pertencido à uma desaparecida civilização amazônica. Cabe ao personagem principal, Adrien Dufourquet (Belmondo), resolver o mistério. O destino do herói, em terras tupiniquins, passa pelo Rio de Janeiro, Brasília (ainda em construção) e Amazônia. Muitos não sabem, mas em sua primeira parada, após desembarcar no aeroporto Santos Dumont, Dufourquet vai direto para a Praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Este famoso ponto turístico da cidade carioca, de tempos em tempos, é palco de uma feira itinerante de livros. Por coincidência, ela estava sendo realizada na época em que o filme foi rodado. Os produtores do filme resolveram então se aproveitar do fato e prepararam uma engraçada cena em que, completamente perdido, Dufourquet se dirige à uma barraca da lendária EBAL. Lá, ele imagina pelo letreiro, no qual se lê Editora Brasil-América, que alguém poderia se comunicar com ele em inglês. Adrien Dufourquet pergunta à uma linda morena, qual é a sua língua, mas ela responde que fala apenas português. Sem ter como continuar o papo, ele parte do lugar para mais peripécias sul-americanas. A tomada mostra, em detalhes, uma romântica e saudosa Cinelândia. Para quem não conhece, esta é a forma popular pela qual se chama a região que fica em torno da Praça Floriano, no centro da metrópole carioca. Seu nome vem da quantidade de cinemas que existiram ali no passado. A sequência protagonizada por Belmondo presta, sem saber, uma homenagem à uma das melhores editoras nacionais de quadrinhos que já existiu. A descoberta deste fato foi feita, por acaso, ao revermos o DVD do longa. Por anos, isto deve ter passado despercebido da maioria dos espectadores. Como curiosidade, Jean-Paul Belmondo foi a inspiração física para um famoso herói franco-belga das HQs de Faroeste. Seu rosto está estampado, até hoje, na fisionomia do Tenente Mike Steve Donovan, mais conhecido como Blueberry, criação do falecido desenhista Jean Giraud (Moebius). Veja, a seguir, as fotos que extraímos do filme L’Homme de Rio, mostrando Belmondo em ação num Rio de antigamente.
Por PH.
L’homme de Rio – Les Productions Associés – United Artists (1964).
Sobre o Autor
PH
É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground
Fantástico isso! Estas cenas parecem ainda mais próximas do carioca que a própria visita do James Bond de Roger Moore ao bondinho do Pão de Acúcar!