Publicado no Brasil sob a marca da Vertigo/DC Comics Tom Strong é o meu personagem preferido do universo de super-heróis. Cada vez mais, fico fã desse fortão de uniforme, vermelho, preto e branco que foi criado por Alan Moore e Chris Sprouse, publicado inicialmente em revistas bi-mestrais pela America’s Best Comics. Ele é sinônimo da “aventura” que tanto observo faltar nos quadrinhos atuais!
Tudo é diferente na vida desse herói que tem seu começo de existência numa ilha perdida nas Índias Ocidentais, na qual seus pais foram parar, depois de um naufrágio em 1899. Eles ainda não sabem, mas o lugar é habitado por uma tribo, da qual se tornarão amigos. Como fruto de uma experiência científica do casal, nasce Tom Strong, num parto auxiliado pelos nativos. Ele é criado isolado numa bolha, em uma instalação dentro de um vulcão extinto. Somente após um terremoto destruidor, o jovem é liberado de seu mundo à parte. Logo, descobre que seus pais morreram na catástrofe natural. Só lhe resta então, prosseguir com os experimentos de seus progenitores, melhorando a infra-estrutura da ilha e mudando a vida de seus antigos moradores que não conheciam tecnologia. Tom acaba virando um talentoso gênio e inventor, assim como seu pai. Ele parte de sua terra natal e viverá empolgantes aventuras em Millenium City, ajudado por sua esposa Dhalua, ex-membro do clã indígena que o acolheu no passado, por sua filha Tesla Strong, pelo gorila britânico King Solomnon, e pelo fiel robô Pneuman.
No fim de agosto de 2017, saiu mais um encadernado do personagem, sexto é último da coleção, reunindo histórias que foram publicadas em 2006. Levou tempo para chegar ao Brasil! Que injustiça!
Em meio a narrativas de temas variados, incluindo a espetacular Tom Strong e os Pináculos de Samara, história que leva Tom ao deserto, em busca de uma cidade fictícia, os dois capítulos dessa HQ que mais chamam atenção trazem um argumento de Michael Moorcock que homenageia sua criação, Elric, com desenhos de Jerry Ordway. E este volume de Tom Strong chega exatamente no momento em que a Mythos Editora se prepara para lançar a mais recente adaptação francesa do personagem no país, depois que Elric ganhou algumas tímidas edições nos anos 1990, pela Editora Globo e Abril Jovem.
A Lâmina Negra da Costa Bárbara é uma típica aventura de piratas em que Tom é procurado por Seaton Begg, um investigador temporal que cobre casos que cruzam as barreiras dos mundos alternativos. Ele pede sua ajuda para salvar o Multiverso, ameaçado pelo Conde Zodíaco, vilão albino de cabelos brancos e olhos vermelhos que é a cara do Elric, das HQs que conhecemos. O bandido deseja criar o caos e subverter a ordem. Para que isso não aconteça, Tom e King Solomon viajam num Zepelim até o ano de 1776, fingindo ser piratas, para frustrar os planos do Capitão Zodíaco, então à procura de um tesouro perdido.
E a aventura possui tudo que um quadrinho de Elric teria, incluindo lutas com espadas. E não fica só aí! No meio da selva, o grupo de corsários encontra as ruínas de uma antiga cidade aterrorizada por dinossauros pre-históricos e vigiada por gorilas que guardam o segredo da Lâmina Negra. E no meio disso tudo, o Capitão Zodíaco ainda profere palavras que denunciam a sensacional homenagem de Moorcock a Elric, em Tom Strong: “Venha, Arioch!! Venha Xiombrag!! Venha, ATRQ’T VEY!! Venham todos, grandes lordes do Fogo Eterno e do Gelo sem Fim”.
Vale muito a pena se despedir de Tom Strong nessa apoteótica HQ que faz menção ao cultuado Elric de Melniboné.
por PH.