Lançado em 13 de junho pela ASA, em Portugal, Rebelião chega como o sexto volume da nova fase das aventuras de Michel Vaillant, uma grande franquia repaginada que retoma o personagem criado pelo desenhista francês Jean Graton em 1957. Agora, Michel faz seu retorno triunfal em um traço diferente, com argumentos mais adultos e não centrados apenas nas pistas, proporcionando um clima psicológico mais denso do que anteriormente.
É triste lembrar que no Brasil, o herói teve o álbum RUSH, da temporada antiga, publicado. O título único saiu pela Editora Vecchi nos anos 1970.
Rush coincidiu com a participação verídica de dois automóveis Vaillante nas 24 Horas de Le Mans, em Sarthe, na França, nos dias 17 e 18 de junho, fruto de uma parceria real com a equipa suíça Rebellion Racing. A HQ também comemora o quinquagésimo aniversário da primeira aparição de Michel Vaillant no Jornal Tintin.
Rush, na minha opinião, é de longe o melhor e um dos mais tensos da franquia e traz acontecimentos inimagináveis à trama! Uma nuvem negra está estacionada sobre a família Vaillant, que perdeu seu conglomerado automobilístico para um concorrente desleal. Além disso, Jean-Pierre, irmão de Michel e mítico protagonista secreto da aventura Piloto sem Rosto, morre depois de ter ficado em coma, após um aparente suicídio em acidente de carro. Henri, o pai do clã, está revoltado e que quer acertar as contas com Ethan Dasz, responsável pelo colapso de seus negócios e a quem culpa também pela morte do filho. As primeiras cenas sombrias da BD, aliás, acontecem num cemitério, provavelmente o Père–Lachaise.
Num momento tão difícil, Patrick, filho de Michel, e seu grupo de amigos nerds trazem uma série de novas tecnologias que culminam com a inscrição nas 24 Horas de Le Mans de um revolucionário modelo da Vaillante! E o carro ainda será seguido de perto por drones autossuficientes que transmitirão em vídeo todos os dados em relação a seu comportamento nos testes. A história apresenta ainda o regresso de Michel às corridas, depois de dez anos de ausência, representando uma grande chance para que a marca de sua família volte ao glamour dos velhos tempos. Ao mesmo tempo, na Suíça, Michel passa a ser visto como suspeito da morte do irmão, ao encontrarem marcas de tinta de seu automóvel no carro de Jean-Pierre que despencou de um precipício. O filho do falecido e sobrinho de Michel Vaillant, Jean-Michel, será seu principal acusador. É muita confusão pra uma família só!
No geral, este novo momento da HQ é muito melhor do que o original e tem um lado psicológico forte dos personagens. A série antiga, quando não ia para um lado mais detetivesco, tipo “Ric Hochet”, ficava com seus enredos muito centrados nas pistas e pilotos. Acabava interessando apenas ao nicho dos amantes de corridas. Somente o traço, na minha concepção, poderia ser ligeiramente mais fiel aos quadrinhos antigos, pelo menos a cara de Michel Vaillant. Nesse ponto, perdeu muito daquele caráter retrô e do visual 60’s que a consagrou. Foi a única modernidade que me incomodou!
Rebelião tem roteiro de Philippe Graton e de Denis Lapière, contando com desenhos de Marc Bourgne e de Benjamin Benéteau.
O quadrinho, conseguido em mais um de meus escambos mundo afora, tem capa dura, 56 páginas, formato de 22,3 x 29,3 cm e custa em torno de 14 euros.
Por PH.