AÂMA é um daqueles quadrinhos de ficção científica que estavam faltando no Brasil. De autoria de Frederik Peeters (Pílulas Azuis), essa saga das HQs começou a sair, na França, em 2011. O volume inicial levou o nome de L’odeur de la poussiére chaude (O cheiro da poeira quente), publicação que ganhou o prêmio 2013 de Melhor Série em Angoulême.
A história toda se passa num futuro distante e gira em torno de Verloc Nim, um indivíduo que não se sente à vontade com a avançada tecnologia de sua época, preferindo viver à margem dela. Por isso, adota um estilo de vida mais natural, condenado pela sociedade em que vive, e que não tem as comodidades de seu tempo. Verloc chega a possuir uma loja de antiguidades, lê antigos livros de papel e desiste de usar implantes, artefatos que afastam o ser humano de todo o tipo de doenças. Esse modo natural de existência acaba lhe custando caro, já que sua mulher e filha se afastam dele. Para piorar, ele acaba perdendo o seu trabalho.
Completamente sem rumo, acaba aceitando a proposta de seu irmão Conrad, que não vê há muito tempo, funcionário de uma companhia de biorobótica. Ele propõe que façam uma viagem a um distante planeta, em busca de uma substância revolucionária que é conhecida como Aâma. Só que algo dá errado e Verloc acorda desorientado e chorando, bem no topo da cratera de um vulcão. Ele não sabe quem é ou onde está, embora se recorde de Lilja, sua filha pequena. Não demora muito para que surja uma criatura metálica que parece conhecer Verloc. Seu nome é Churchil, um robô com forma de macaco e dois olhos negros que é uma nítida homenagem a Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, durante a Segunda Guerra Mundial. A referência se torna óbvia, por causa de um charuto que a geringonça fuma, de vez em quando, da mesma forma que o premier inglês fazia. O símio de lata conta que os dois se encontram no planeta Ona (Ji) e que Verloc foi o único de um grupo a não ter virado cinzas. Imediatamente, diz que a dupla precisa restabelecer contato com a colônia e dá um livro a Verloc. Nele, há lembranças do passado recente de nosso perdido amigo, escritas por ele mesmo. O texto que o ajudará a reverter a passageira amnésia. Os fatos descritos aconteceram no tomo 1 de AÂMA.
No volume 2, intitulado La multitude invisible (A multidão invisível), Verloc começa a se lembrar de como conheceu sua mulher e da maneira com a qual concebeu a filha. Também se recorda de que partiu em expedição por um mundo novo, junto com alguns cientistas que restaram da base montada neste mundo pela empresa de Conrad. O objetivo da missão era o de encontrar o professor que liberou AÂMA em uma outra parte do planeta. No meio do caminho, presenciam uma evolução acelerada de um universo que até então era estéril, proporcionada pela intrigante substância. Novas e deslumbrantes paisagens aparecem diante de seus olhos, lembrando um pouco dos estranhos seres e paisagens exóticas que encontramos em Os Mundos de Aldebaran, de Leo, brasileiro radicado na França que é um dos mais renomados artistas de quadrinhos europeus da atualidade. Chama atenção nessa sequência, o tipo de veículo que o grupo usa na exploração de Ona (Ji), remetendo bastante às máquinas terrestres empregadas pelos alienígenas invasores de A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells.
Na França, os álbuns de AÂMA tem a marca da Gallimard. No Brasil, a Editora Nemo se prepara para lançar até o final do ano o tomo 3 dessa saga, que se chamará O Deserto dos Espelhos. Eu já li a HQ em francês e garanto que o leitor não se arrependerá em comprá-la. O quadrinho já está em pré venda na Comix e na Amazon, onde pode ser adquirido pelo preço promocional de R$ 36,05. Garanta já o seu!
Não vou adiantar nada sobre o álbum, mas garanto que fará barulho! Abaixo, posto foto do original europeu que possuo!
Em relação ao criador da obra, o suíço Frederik Peeters, ele nasceu, no ano de 1974, em Genebra. O artista se graduou, em 1975, pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Genebra. Entre seus êxitos, está a autobiografia Pílulas Azuis, trabalho que recebeu a indicação e o Polish Jury Prize do Festival de Angoulême. O título também foi premiado na Espanha e ganhou tradução para o inglês.
Por PH.