Enquanto Paciência, de Daniel Clowes, está para sair pela Nemo, editora que tem publicado as melhores graphic novels de todos os tempos, divulgo algumas considerações sobre esse título e autor.
Quadrinista americano independente, bastante afastado do mercado mainstream que domina seu país, Clowes é um artista com um vasto trabalho.
Em 1985, desenhou para Love & Rockets, a revista dos irmãos Hernandez, e lançou posteriormente, em 1989, o primeiro número de sua própria publicação, a Eightball, editada pela Fantagraphics Books até o ano de 2004.
Entre maravilhosos quadrinhos que tem a sua assinatura, recebeu prêmios por David Boring e Ghost World. O último citado virou filme em 2001, estrelado pela ainda iniciante Scarlett Johansson. Clowes chegou a ser indicado ao Oscar, pelo roteiro desse longa.
E por falar em cinema, aguarda-se para breve a estreia de Wilson, roteirizado por ele, dirigido por Craig Johnson e tendo Woody Harrelson como um dos protagonistas da película.
Além de todos esses êxitos pelo universo da Sétima Arte, Daniel Clowes também criou cartazes para filmes e fez ilustrações para inúmeras revistas, como: The New Yorker, Details, Esquire e Village Art.
Paciência representa o retorno de Clowes, após um jejum de cinco anos de HQs, desde que publicou Wilson em 2010, obra que acabou ganhando tradução em português.
Nesse meio tempo, foi pai e sofreu uma delicada operação em seu coração. Talvez, por essas fortes experiências vividas por ele, seu estilo atual tenha ficado ligeiramente menos pessimista, embora a trama de Paciência seja narrada de forma violenta.
As 180 páginas dessa graphic novel trazem um de seus argumentos mais profundos e emocionantes, uma mistura de todos os elementos que Clowes já trouxe até hoje, ao mesmo tempo, diferente de tudo o que autor que já realizou em em seus originais quadrinhos psicológicos e que fogem totalmente ao lugar comum.
Em Patience, Jack Barlow está decidido a descobrir a identidade do assassino de sua última esposa, Paciência, que estava grávida. Obcecado, Jack consegue descobrir um meio de voltar ao passado para salvá-la da morte certa, enquanto descobre o que está por trás das origens traumáticas da falecida mulher e encontra outras verdades sobre si mesmo. O quadrinho, entretanto, começa antes disso, em 2012, sob a perspectiva de Barlow. Nessa época, ele se mostra ansioso, diante da responsabilidade e das dificuldades financeiras que virão de sua paternidade futura e parece desapontado por não conseguir ser um bom marido para Paciência, apavorado e consumido pelo destino do filho que ainda nem nasceu.
Trata-se de um romance psicodélico de ficção científica que deverá conquistar os leitores brasileiros.
Por PH.