Saiu mais um Tom Strong na banca! Trata-se de um personagem que é editado no Brasil pela Vertigo/Panini Comics, que eu simplesmente adoro! Ele simplesmente revolucionou o conceito de super-heróis, funcionando muito mais como uma caricatura deles, ao misturar elementos do Capitão Marvel/Shazam e Doc Savage.
Tudo é diferente na vida desse herói que tem seu começo de existência numa ilha perdida nas Índias Ocidentais, na qual seus pais foram parar, depois de um naufrágio em 1899. Eles ainda não sabem, mas o lugar é habitado por uma tribo, da qual se tornarão amigos.
Como fruto de uma experiência científica do casal, nasce Tom Strong, num parto auxiliado pelos nativos. Ele é criado isolado numa bolha, em uma instalação dentro de um vulcão extinto. Somente após um terremoto destruidor, o jovem é liberado de seu mundo à parte. Logo, descobre que seus pais morreram na catástrofe natural. Só lhe resta então, prosseguir com os experimentos de seus progenitores, melhorando a infraestrutura da ilha e mudando a vida de seus antigos moradores que não conheciam tecnologia.
Tom acaba virando um talentoso gênio e inventor, assim como seu pai. Ele parte de sua terra natal e viverá empolgantes aventuras em Millenium City, ajudado por sua esposa Dhalua, ex-membro do clã indígena que o acolheu no passado, por sua filha Tesla Strong (seu nome vem do cientista Nikola Tesla), pelo gorila inteligente King Solomnon, e pelo fiel robô Pneuman.
Nessa graphic novel que está no jornaleiro, Tom precisa desvendar o mistério de aviões que caem em todo o planeta, enfrentar uma jovem que tem sonhos que transformam o mundo do herói em pesadelo, lutar contra uma vilã que literalmente dá vida a obras de arte, se lança em expedição ao Sul, no melhor estilo Indiana Jones e encara a dura rotina de uma vida real.
Como adoro achar referências a Tintin nas aventuras de Tom Strong, penso que encontrei mais uma nessa recente edição que circula por aí, reunindo as revistas numeradas de 26 a 32 de Strong, originalmente publicadas nos Estados Unidos pela America’s Best Comics.
Na cena acima, uma multidão em Millenium City recebe calorosamente Tom Strong e sua filha Tesla, após os dois terem retornado de uma viagem de exploração a um templo maia na América do Sul. É muito parecido com o que vemos em Tintin na América, numa cena clássica desse álbum que se passa em Chigaco, quando Tintin e Milu também são saudados com fervor por um público entusiasmado. Reparem na semelhança de tudo, nos prédios, na postura dos dois e, principalmente, nos automóveis!
No caso desse registro, é preciso porém que se diga que esse gênero de parada entre os arranha-céus de grandes cidades é uma tradição americana que já vem de muito tempo e já aconteceu inúmeras vezes, como no desfile triunfal dos astronautas pelas ruas de Nova York, em 13 de agosto de 1969. Ela se chama Ticker Tape Parade. Hergé apenas levou esse costume para as pranchas de sua HQ e o situou em Chigaco.
Mesmo assim, essa característica óbvia de flertar com o universo de Tintin não é novidade em Tom Strong! Os roteiristas e desenhistas envolvidos nesse projeto costumam alusões costumeiras ao repórter criado por Hergé. No último encadernado de Tom Strong, rolou uma citação a Tintin: Explorando a Lua.
Leitura aprovadíssima!
