Quadrinhos

De Mirella Spinelli, O Diário de Anne Frank em Quadrinhos é uma leitura que fascina e nos faz refletir sobre a brutalidade da guerra e absurdo do racismo

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Escrito por PH

matAdmirador da comovente trajetória de Anne Frank, possuo alguns itens guardados na coleção, referentes a essa corajosa menina, como seu livro, filme, graphic novel americana, além de lembranças de visitas que fiz a museus dedicados à ela pelo mundo, foi com felicidade que recebi O Diário de Anne Frank em Quadrinhos, HQ nacional de Mirella Spinelli que a editora Nemo está publicando.

Não é de hoje que conheço a história de Anne Frank, uma jovem de origem judia que registrou, em papel, todas as dificuldades sofridas por sua família, e mais quatro pessoas, escondidos dos alemães num anexo secreto da fábrica de seu pai, na cidade de Amsterdam, na Holanda. Nesse lugar, onde não havia muito espaço, eles passaram dois anos sem poder abrir janelas e sair às ruas, para não serem descobertos pelos nazistas.

O acesso ao esconderijo era feito por uma estante de livros que se movia, funcionando como uma espécie de porta camuflada. Otto Frank, pai de Anne e único sobrevivente dessa tragédia, contou com a ajuda de Miep Gies, uma das empregadas da empresa e grande amiga de Anne Frank, para transformar os escritos da jovem em Anne Frank, uma Biografia, de Melissa Müller.

Ao longo do tempo, várias HQs surgiram para contar essa trama, segundo o traço de diversos autores. A nova versão brasileira em quadrinhos dessa narrativa é uma adaptação de O Anexo: Notas do Diário, de 12 de junho de 1942 a 1º de agosto de 1944. Assim, o quadrinho foca justamente na questão do tédio, do confinamento e do horror que a família de Anne Frank e alguns de seus amigos passaram em um ambiente cheio de privações.

Quando um autor lança mão do texto exato de uma obra consagrada para fazer um quadrinho, o segredo é se destacar nas ilustrações. E foi o que fez Marina, ao optar por um traço não tão certinho, que chama atenção,  e quadros que se assemelham a pinturas reunidas para formar as pranchas da HQ. Ao deixar tudo ricamente colorido, a artista amenizou a trama triste e o lado trágico e sofrido de todo esse evento.

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O Diário de Anne Frank em Quadrinhos é uma leitura que fascina e nos faz refletir sobre a brutalidade da guerra e absurdo do racismo. Ao mesmo tempo, traz um toque de modernidade a um dos contos mais famosos da Segunda Guerra Mundial, conflito planetário que provocou a morte de seis milhões de judeus, no maior genocídio do século XX.

Como pode, alguém de uma determinada religião ou cor da pele se julgar superior a outras pessoas e ordenar a morte delas, simplesmente pelo fato de serem diferentes? Isto é simplesmente inconcebível, mas  já aconteceu! Infelizmente, as ações de grupos radicais, como o Estado Islâmico, populismo crescente e aumento da notoriedade de partidos de extrema direita são indicadores de que todo esse ódio à diversidade estejam retornando em escala nunca vista!

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Essa novidade da Nemo que mexe com a gente possui 96 páginas, incluindo uma galeria com os principais personagens dessa saga, formato de 17 x 24 cm e preço de R$ 37,90.

Abaixo, aproveito para postar a foto da fachada do prédio em que toda essa barbaridade se passou, além de detalhes do anexo que mostram o quarto de Anne e as fotos de artistas que ela costumava colar na parede, além de sua escrivaninha. Os registros são de minha autoria e foram feitos na Casa de Anne Frank, em Amsterdam, e no The Anne Frank Center, em Nova York. A última imagem exibe o edifício para montar desse prédio, com um corte lateral, que é vendido na Casa de Anne Frank.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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