Um herói futurista do passado tem ganho uma série de matérias no Tujaviu! Dani Futuro fez parte da minha infância, apesar de só ter tido uma história lançada no Brasil, pela Abril, em 1978. Lembro que quando vi a sua chamativa capa abóbora numa banca da Rua Prado Júnior, em Copacabana, não resisti e comprei a revista.
Nessa época, aos 12 anos, eu já tinha como avaliar as características de uma boa banda desenhada. Já sabia o que eram Dan Cooper, Ric Hochet, Luc Orient e Michel Vaillant, graças à Editora Hemus e a alguns álbuns da França e Bélgica que eu já comprava na Livraria Leonardo da Vinci.
Só que Dani Futuro possuía uma nacionalidade diferente daquela que ostentavam os heróis que eu conhecia até então. Ele foi criado pelos espanhóis Victor Mora (roteiro) e Carlos Giménez (desenho), tendo sido editado na Espanha pela Bruguera. Sua primeira publicação em álbum na Bélgica se deu em 1973, através das Éditions du Lombard, depois dele ter dado as caras no Jornal Tintin.
Mas eu não estava interessado em saber de qual país aquela leitura vinha. Fiquei maravilhado mesmo foi com uma ficção científica bastante embasada, falando de detritos no espaço colocados pelo homem, antigravidade, hibernação, viagens à Lua e muito mais. Tudo isso está na trama de O Cemitério do Espaço, quadrinho que eu descobri ser exatamente o que circulou em nosso país, mas com outra capa. Na realidade, a HQ que andou pelos jornaleiros daqui teve a estampa parcialmente retirada da primeira edição belga de Dani Futuro, intitulada La Planète Nevermor, que saiu em francês como o número 17 da Coleção Vedette. A verdade é que toda essa bagunça já veio do exterior, pois a origem do personagem só foi contada em sua segunda aventura. Me parece que não publicaram em ordem lá fora!
Em Le Cimetière de L’Espace, tudo começa ainda no fim do século XX, quando o garoto Dani, filho do cientista Blanco, sofre um acidente de hidroavião no Círculo Ártico e acaba entrando em hibernação profunda por 135 anos. Muito tempo depois, uma expedição o acha congelado no gelo, no ano de 2104.
Graças à intervenção do Doutor Dosian, especialista em técnicas de reanimação, ele volta à vida em seis meses e precisa se acostumar a um mundo bastante diferente daquele que deixou no passado, onde terá a companhia da linda Íris, sobrinha do cientista, do engraçado Robô Jules e de golfinhos falantes.
Nessa época, naves que flutuam com técnicas antigravitacionais são a coisa mais normal do mundo. Dani pode constatar isso, no momento em que um veículo muito semelhante a um automóvel decola para levá-lo à Lua. Em nosso satélite natural, Dani será a grande atração de um congresso médico do qual participa o Dr. Dosian.
Mas nem tudo são flores nessa nova jornada moderna. Logo, nosso herói enfrentará perigos causados por lixo espacial humano descontrolado que acaba provocando danos em um jardim experimental em uma nave. Depois, nosso amigo viaja ao Asteroide NGS 83736, onde encontra seres minúsculos aterrorizados por um cyborg gigante.
Mais tarde, Dani, Íris, Dosian e o Capitão Stentor saem à procura de uma nave desaparecida há 15 anos, mas que teve um pedido de socorro captado por Stentor.
Com todas essas histórias iradas, O Cemitério do Espaço continua super atual, apresentando narrativas cheias de ação e bem à frente do seu tempo. Seu traço lembra ligeiramente o de Valerian, de Mézières e Christin.
E para encerrar, listo aqui as sete HQs da franquia que saíram pelas Éditions du Lombard, até 1983, com os títulos já devidamente traduzidos: O Planeta Nevermor, O Cemitério do Espaço, O Planeta das Maldições, O Mestre de Psicodelia, Um Planeta em Herança, O Fim de um Mundo e O Mágico do Espaço.
Em breve, trarei a resenha de El Planeta Nevermor.
E em seguida, veja as duas versões belgas de O Cemitério do Espaço. A primeira é de 1974 e a segunda, de 1981.
Por PH.