Com lançamento previsto na Europa para o dia 20 de janeiro, O Mestre das Hóstias Negras chegará triunfalmente pela DUPUIS como a continuação de A Mulher Leopardo, já lançado no Brasil pela SESI-SP.
A HQ tem novamente a autoria de Yann (texto) e de Olivier Schwartz (arte) e faz parte da série LE SPIROU DE, na qual importantes artistas da cena franco-belga de HQs imprimem sua própria visão ao groom idealizado por Jean Dupuis para dar nome a seu jornal juvenil em quadrinhos e inicialmente desenhado por Rob-Vel entre 1938 e 1943.
Alguns álbuns dessa coleção à parte, dependendo dos artistas envolvidos no projeto, são extremamente modernos, como os SPIROU DE Palme e Trondheim (Pânico no Altântico) ou de Ferumont (Spirou se casa), inéditos no país. Outros misturam as tendências atuais da BD com o mais puro estilo clássico de Franquin e Jijé, resultando em trabalhos magníficos! É o que nos vem mostrando a proposta arrojada de Yann e Schwartz, igualmente responsáveis por O Mensageiro Verde-Cinza, também editado no país pela SESI-SP.
Antes de destrinchar o tema desse artigo, recordemos os fatos acontecidos em A Mulher Leopardo. Sua trama acontece em 1946, época em que a capital belga ainda sofre com a recente ocupação alemã e passa por uma forte onda de calor. Nesse contexto, a Mulher-Leopardo está em fuga e é perseguida por dois robôs enormes e com um olho apenas. Ela vai parar no Hotel Moustic, onde Spirou trabalha como carregador de malas, buscando refúgio no quarto do irascível Coronel Van Praag. A jovem acaba sendo ferida no ombro por ele e é salva por Spirou. Seu nome é Aniota. Charmosa e sedutora, ela irá mexer bastante com nosso herói, que sofre com uma recente perda amorosa e cai nos males do álcool. Essa estranha criatura o levará, juntamente com o amigo Fantásio, por uma grande aventura pela África, em busca de um fetiche que foi roubado de seu povo. A jornada ainda conduzirá Spirou a Paris, passando por Saint-Germain-des-Prés. Na jornada, a dupla também estará no encalço de mal-intencionados nazistas, envolvidos com a pesquisa de Urânio.
Em O Mestre das Hóstias Negras, cuja capa e uma das pranchas do álbum regular você vê abaixo, Spirou, Fantásio e Spip decidem acompanhar Aniota ao Congo parar devolver o fetiche roubado à tribo das Mulheres-Leopardo. No caminho, encontrarão uma sexy repórter da revista LIFE, um missionário de Liège que percorre o país com seus filmes educativos de PILI-PILI e MATA-MATA (Os Laurel e Hardy africanos), cientistas nucleares nazistas e animais selvagens. Nossos heróis também deverão enfrentar seu velho inimigo, o Coronel Von Knochen, um líder fajuto de tendências independentistas e mais temível feiticeiro do continente, que deseja atomizar a cidade de Bruxelas. É ele que está por trás dos Robôs-Gorilas, que não darão descanso a Spirou, Fantásio e a Spip.
Além dessa edição mais barata, vendida a 14,50 €, existe uma outra versão luxuosa em grande formato, comercializada a 169 €, incluindo uma edição especial de luxo em preto e branco, limitada a 499 exemplares numerados e autografados, com estampa própria e inclusão de esboços, e mais uma edição extraordinária, colorida, com tiragem de 1000 BDs, trazendo capa alternativa e autógrafos, respectivamente exibidos abaixo.
Na primeira, a referência que me vem à cabeça, talvez imaginada por Yann e Schwartz, é O Grande Ditador, filme de 1940, escrito e dirigido por Charles Chaplin.
Já na segunda, priritariamente em vermelho, não há como deixar de notar o bruxo Coronel Von Knochen sentado em cima de uma pilha de fétches. Sua máscara poderia tranquilamente ter saído de algum uniforme de super-herói da Marvel. Não lembra um Homem-Aranha ou um Deadpool?
Existe ainda uma outra imagem diferente que circula, que deve corresponder à capa da versão em bruxellois (dialeto de Bruxelas) desse quadrinho, cujo título e ilustração fariam uma óbvia alusão a Tintin na África. O carro visto numa bela cena com céu azul é uma estilização do Citroën Traction Avant 15-Six D, automóvel bastante usado pela alemã Gestapo (Polícia Secreta do Estado) durante a Ocupação e que acabou virando um símbolo da Resistência. Foi produzido entre 1934 e 1957 pelo fabricante francês. Que venha também esse Spirou no Congo Belga!
Haja bolso para acompanhar todos esses luxos necessários!
Por PH.
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