Continuando com a Retrospectiva Quadrinhos 2016 do Tujaviu, desencavamos uma matéria que fizemos no ano que passou sobre o Jornal Tintin brasileiro, que talvez tenha sido a HQ que talvez mais tenha influenciado a minha vida como leitor e apreciador de banda desenhada europeia, cujas origens estão na Bélgica.
Nascido em 1946, em Bruxelas, foi uma das mais famosas publicações semanais em quadrinhos de todos os tempos. Surgiu, graças ao talento para negócios de Raymond Leblanc e à sensibilidade artística de Hergé, originando uma parceria que durou 40 anos. Um dos grandes precursores de publicações semanais do gênero, seu maior rival foi o Jornal de Spirou, surgido em 1938.
A publicação trazia as aventuras dos mais famosos personagens da BD. Essas histórias eram disponibilizadas em capítulos semanais. A cada uma ou duas páginas, o leitor curtia tramas maravilhosas e ficava ansioso pela próxima edição. Assim, o trabalho de grandes artistas das HQs era publicado no jornal, antes de virar álbum e ser vendido em livrarias. Tudo isso deu bastante popularidade a ícones do quadrinho franco-belga, entre eles: Alix, Michel Vaillant, Bernard Prince, Ric Hochet, Lucky Luke, Ric Hochet, Luc Orient, Modeste e Pompon, Bruno Brazil e muitos outros.
Apesar da falta de intimidade do Brasil com esse segmento editorial, fato que ocorre até hoje, contamos uma tímida versão do Jornal Tintin no Brasil. Ela foi publicada em 26 números, pela parceria Íbis/Bertrand, no ano de 1969. Quando era criança, tive a felicidade de ganhar todos de presente de meus pais.
No Rio de Janeiro, era possível encontrar o Tintin nacional nas Lojas Americanas, Casa Mattos, Sears e em eventos cariocas que eram destinados a crianças. Numa dessas ocasiões, lembro-me de tê-lo visto à venda em volta do Pavilhão de São Cristóvão.
O material foi editado pela Bruguera, com o apoio das portuguesas Livraria Bertrand e Editorial Íbis. Para conseguir números atrasados, muito tempo depois, o jeito era ir diretamente à Editora Cedibra, localizada então na Rua Filomenas Nunes, que sucedeu a Bruguera. Com o tempo, nem lá mais era possível achar a preciosidade!
Não há como esquecer, nessas revistas, das aparições de Cubitus (Dupa), Baltazar (Bob de Moor), Tunga (Edouard Aidans), Humpá-Pá e de diversos outros heróis do universo franco-belga das HQs.
Depois, tudo isso foi reunido em apenas um livro de capa dura, conhecido como Tintin Especial, um livrão volumoso que hoje virou uma peça cara e difícil de achar. Muitos não chegam nem a saber que existiu.
Em relação a um detalhe bizarro na edição brasileira, o slogan Para o espírito dos jovens, para os jovens de espírito é um equivalente de gosto duvidoso que ficou no lugar da célebre expressão Para os jovens de 7 a 77 anos, presente nas capas do Jornal Tintin europeu. Quem me chamou atenção para o fato foi o amigo português Jorge Macieira.
E só por curiosidade, a versão francesa da revista teve vida mais longa, mas encontrou seu fim em 1972, continuando com outros nomes até 1988.
Nesse mesmo ano, na Bélgica, ainda prosseguiu como Tintin Reporter, sendo substituído por Hello Bédé, até 1993, editada pela Le Lombard.
E para encerrar, a reciclada matéria de hoje mereceu a produção de uma foto especial que reúne todos os números do Jornal Tintin nacional, feita com material de nosso acervo.
Divirtam-se!
Por PH.