Esther é uma menina que, na época em que essa BD foi concebida, tinha apenas dez anos de idade. Ela tem um irmão mais velho e bronco, chamado Antoine, e estuda num colégio particular, pois seu pai tem medo de colocar os filhos em um estabelecimento público de ensino.
A menina contou 52 curtas histórias de sua rotina a Riad Sattouf, autor de O Árabe do Futuro, sucesso já lançado parcialmente no Brasil pela Intrínseca.
Nesses relatos, ela narra suas experiências do dia a dia com sua família e amigos da escola. Tudo isso acabou virando o engraçado título Les Cahiers d’Esther: Histoire de mes 10 ans.
É um pouco como O Pequeno Nicolau! Tudo é muito intenso, refletindo o mundo, a partir da cabeça de pré-adolescentes. Assim, cada acontecimento ganha importância e dramaticidade próprios.
Assuntos como brincadeiras no recreio, homossexualidade, smartphones, rivalidade com os meninos e até mesmo o ataque à redação do Charlie Hebdo estão presentes nessa encantadora HQ que traz apenas uma narrativa por página.
Para que o argumento ficasse absolutamente crível, Sattouf encheu o texto com os mesmos palavrões e gírias peculiares que essa galerinha costuma usar em suas conversas.
Se o leitor tiver familiaridade com a cultura francesa, como eu, fica mais fácil de curtir a BD. Há interessantes referências bem locais, como por exemplo, ao impopular presidente François Hollande e ao cantor e tenista Yannick Noah. Mas não é nada que comprometa a leitura!
Saiu na França em capa dura, em fevereiro de 2016, pela Allary Éditions.
O estilo e traço simples de Sattouf enganam! Apesar de ser um argumento construído a partir de testemunhos de uma criança, trata-se de quadrinho não indicado para crianças. É leitura adulta e recomendadíssima pelo Tujaviu!
Será que chega em nosso país?
Na prancha abaixo, Esther, já com 11 anos, ganha finalmente a HQ que inspirou e recebe em casa a visita de um jornalista que deseja entrevistá-la sobre esse grande feito!
Por PH.