Quadrinhos

Power People é um quadrinho de super-heróis nada convencionais e que vai te surpreender!

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Escrito por PH

dfddHoje, o Tujaviu traz mais um quadrinho único, lançado pela SESI-SP, de uma leva de sete novidades que recebi da editora.

Depois de elogiar o primeiro volume de GUS, bem-humorada banda desenhada de Western, de autoria de Christophe Blain, chega às minhas mãos um original quadrinho nacional, que não parece ser exatamente brasileiro.

O universo Power People foi criado por volta do ano 2000, fruto de uma conversa de engarrafamento entre Marcelo Campos e Octávio Cariello, na época, sócios da Fábrica de Quadrinhos. A ideia era a de criar pessoas com superpoderes e que não pudessem mais, necessariamente, lutar contra vilões. Para onde iriam? E o que fazer com tanto poder, se não tivessem mais que combater seus arqui-inimigos?

Mais do que criar uma dimensão à parte de justiceiros perdidos nas funções básicas para as quais foram criados, Marcelo idealizou toda uma cronologia para esse mundo próprio, que é citada nos rodapés das páginas de Power People. Se algo é mencionado, sem fazer parte da história, o autor dá informações sobre fatos anteriores ou aconselha o leitor a consultar  uma fictícia edição antiga. E esses supostos gibis aparecem no meio da HQ, com seus respectivos e supostos resumos, preços e anos de publicação.

Além disso, os criadores da saga explicam na contracapa que Power People foi editada originalmente pela Golden Door, entre 1960 e 1972, perdendo o direito de publicação para a Dimension Comics, onde seus personagens se tornaram mais psicodélicos e alinhados à contracultura dos anos 1960. Ou seja, tratam tudo da maneira mais verossímil possível!

Se você achar tudo isso muito estranho, no interior da graphic novel, Marcelo reconhece a brincadeira que fez, mas admite que a Golden Door teria sido inspirada na Golden Key, lendária editora americana que realmente existiu. Particularmente, este que escreve o texto da matéria chegou a comprar o quadrinho de Perdidos no Espaço por ela!

Essa coisa de inventar um mundo editorial que não existiu de fato é levada tão a sério, que existe até a menção a um hipotético filme com os Power People que começava a ser cogitado em 1972, e que poderia ter Ryan O’Neal, Burt Reynolds e a linda Jacqueline Bisset, entre outros feras do cinema, no elenco.

Até as 64 páginas dessa HQ são propositalmente envelhecidas para que a diversão fique mais crível. Logo no começo, somos avisados que essa é uma republicação da história original que saiu edição 13 de Power People, de junho de 1974. Confesso que, desavisado, fiquei meio sem entender o que se passava! Depois, saquei o engenhoso truque!

Quanto ao desenho do quadrinho, ele tem a marca de Pietro Antognioni, que deu uma cara europeia a esse Power People. Dono de um traço belíssimo, o artista fez com que, graficamente, esse trabalho fosse mais na direção de Moebius, do que para o lado da estética de super-heróis que inspiram a trama.

As lindas cores chapadas, que me remeteram à Linha Clara, tem a mão do próprio Pietro, em parceria com Jenny Defensor e de Mariane Gusmão. Octávio Cariello ficou responsável pelas letras. As capas falsas foram boladas por Pietro Antognioni e Val Deir.

Vale muito a pena conferir! É algo inovador, vindo de quadrinistas que realmente acreditaram num projeto criativo e que se diferencia de tudo que eu vi de comics americanos, na vida, mesmo sem ser um especialista no assunto.

Parabéns à SESI-SP, ao Marcelo, ao Pietro e à Quanta Academia de Artes!

Power People tem capa em brochura, magnífica impressão em papel especial, formato de 21 x 29 cm e preço de R$ 32,00.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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