Enquanto vários amigos estão publicando fotos no Facebook sobre HQs que os marcaram, não poderia deixar de participar deste simpático movimento.
A imagem que quero registrar, na verdade, acabou virando um post. O quadrinho que talvez mais tenha influenciado a minha vida como leitor e apreciador de banda desenhada europeia foi o Jornal Tintin nacional.
Nascido em 1946, na Bélgica, foi uma das mais famosas publicações semanais em quadrinhos de todos os tempos. Surgiu, graças ao talento para negócios de Raymond Leblanc e à sensibilidade artística de Hergé, originando uma parceria que durou 40 anos.
A publicação trazia as aventuras dos mais famosos personagens da banda desenhada europeia, incluindo Tintin e Blake e Mortimer. Essas histórias eram disponibilizadas em capítulos semanais. A cada uma ou duas páginas, o leitor curtia tramas maravilhosas e ficava ansioso pela próxima edição.
Assim, o trabalho de grandes artistas das HQs era publicado, antes de virar álbum e ser vendido em livrarias. Tudo isso deu bastante popularidade a ícones do quadrinho franco-belga, entre eles: Alix, Michel Vaillant, Bernard Prince, Ric Hochet, Lucky Luke, Ric Hochet, Luc Orient, Modeste e Pompon, Bruno Brazil e muitos outros.
Apesar da falta de intimidade do país com este segmento editorial, contamos uma tímida versão do Jornal Tintin no Brasil. Ela foi publicada em 26 números, pela parceria Íbis/Bertrand, no ano de 1969. Quando era criança, tive a felicidade de ganhar todos de presente de meus pais.
Era possível encontrar o Tintin brazuca nas Lojas Americanas, Casa Mattos, Sears e em eventos cariocas que eram destinados às crianças. Numa dessas ocasiões, lembro-me de tê-lo visto à venda em volta do Pavilhão de São Cristóvão. Para conseguir números atrasados, muito tempo depois, o jeito era procurar a Editora Cedibra, localizada então na Rua Filomenas Nunes. Com o tempo, nem lá mais era possível achar a preciosidade!
Não há como esquecer, nestas revistas, das aparições de Cubitus (Dupa), Baltazar (Bob de Moor), Tunga (Edouard Aidans), Humpá-Pá e de diversos outros heróis do universo franco-belga das HQs.
Depois, tudo foi reunido em apenas um livro de capa dura, conhecido como Tintin Especial, um livrão volumoso que hoje virou uma peça cara e difícil de achar. Muitos não chegam nem a saber que existiu. Por isso, se der de cara com a edição, compre-a sem pestanejar. Vale a pena e inclui toda a coleção e respectivas capas!
Em relação a um detalhe bizarro na edição brasileira, o slogan Para o espírito dos jovens, para os jovens de espírito é um equivalente de gosto duvidoso que ficou no lugar da célebre expressão Para os jovens de 7 a 77 anos, presente nas capas do Jornal Tintin europeu. Quem me chamou atenção para o fato foi o amigo Jorge Macieira.
E só por curiosidade, a versão francesa da revista encontrou seu fim em 1972, continuando com outros nomes até 1988. Neste mesmo ano, na Bélgica, ainda prosseguiu como Tintin Reporter, sendo substituído por Hello Bédé, até 1993, editada pela Le Lombard.
Por PH.