E aí está E a Montanha Cantará para Ti (Et la montagne chantera pour toi), de 1976, um belo quadrinho que eu tive a chance de ler em francês na semana passada e que saiu em Portugal no dia 4 de maio, distribuído com o lusitano jornal Público, em parceria com as Edições ASA.
Trata-se do segundo volume da coleção em parceria com a Asa, dedicada à série Jonathan, de autoria do desenhista e roteirista suíço Cosey (Bernard Cosendai), artista de banda desenhada que deu seus primeiros passos neste universo, influenciado por Derib, criador de Buddy Longway e Yakary.
Jonathan começou a aparecer em 1975 no Jornal Tintin da Bélgica, semanário em quadrinhos que editaria nove histórias da saga até 1982, enquanto os álbuns do personagem foram saindo pelas Éditions Du Lombard, atual Le Lombard, desde 1977. Até agora, 16 álbuns foram publicados, sendo o último, datado de 2013.
Jonathan é uma série bem intimista, impregnada com certo misticismo e repleta de belas paisagens que são representadas em grandes quadros na HQ. Desenvolvida numa espécie de relato quase autobiográfico, ela também é carregada de sentimento e interrogações, refletindo as experiências em viagens e gosto por música de Cosey. Não é à toa que na contracapa de cada quadrinho, ele indique músicas para acompanharem a leitura, que vão do clássico ao pop.
Sua trama se passa no gelado Himalaia, bem nos confins do Nepal e do Tibete, onde Jonathan deambula em busca da sua memória. Fugido de uma clínica psiquiátrica, onde esteve internado três meses, ele não tem qualquer recordação do seu passado. Sente apenas uma força interior que o impele rumo ao Tibete e que, à medida que o faz se aproximar do Himalaia, lhe vai dando cada vez mais a certeza de que o seu destino está intimamente ligado ao dos seus habitantes. Mas o caminho é ainda longo e as recordações, por vezes dolorosas. Na minha opinião, o caráter nômade de Jonathan encontra algumas semelhanças em Stéphane Clément: Crônicas de Um Viajante, de Daniel Ceppi.
E a Montanha Cantará para Ti foi publicada em capítulos na revista belga Tintin em 1976, sendo reunida em álbum pela Le Lombard no ano seguinte. Ao contrário das histórias restantes de Jonathan, esta não foi publicada na revista Tintin portuguesa na década de 1970, sendo inédita em Portugal.
Três anos passados, desde a sua primeira aventura, Jonathan, ainda nos Himalaias, é apanhado por uma tempestade de neve. Refugiado numa gruta, ouve um misterioso som que ressoa várias vezes na montanha e que acaba por o guiar até um oásis verde, banhado por uma nascente de água quente, onde ele encontra uma jovem, encantadora e misteriosa, que o leva a partilhar, em plenos Himalaias, uma surpreendente amizade com um homem que ele deveria odiar profundamente.
A narrativa ocorre 3 anos após o primeiro tomo, Lembra-te Jonathan, e é indicada para ser lida ao som de Mike Oldfield, Hergest Ridge (1974), Tangerine Dream – Phaedra (1974) e a antologia suíça Música Tibetana do selo Fono Gesellschaft, com a referência FGLS 30-4705 (1969).
Os títulos futuros da coleção, de um total de 10 que foram anunciados, serão: Descalça sobre os rododendros (1977), O Berço de Bodisatva (1978), O Berço de Bodisatva (1978), O Espaço Azul Entre as Nuvens (1978), Douniacha, Há Quanto Tempo… (1979), Kate (1980), Neal e Sylvester (1982), Atsuko (2011) e Aquela que Foi (2013).
A venda teve início no dia 27 de abril, encerrando-se em 29 de junho. Cada volume será distribuído às quartas-feiras e terá preço de 5,50€.
É bom lembrar que o herói já teve várias histórias que desfilaram pelas páginas do Tintin português e que chegou a ter material veiculado pela mesma parceria Asa/Público num passado recente. Eu mesmo tenho alguma coisa aqui de Jonathan no meu acervo particular. A maioria é em francês, proveniente das Éditions Du Lombard.
Por PH.
Fonte bandasdesenhadas.com
Maravilhoso espero ter oportunidade de um dia me aventurar pela obra.