Essa matéria é para os que gostam do traço de Philippe Berthet, conhecido em Portugal por O Mercador de ideias (Meribérica) e Detective de Hollywood (ASA). Em Pin-up, ele faz parceria com Yann, roteirista que foi o responsável, entre outros, por modernas repaginadas de Spirou: Le groom vert-de-gris e La Femme Léopard. A saga começou a sair em 1994 e atravessa a Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria e Guerra do Vietnam, tendo a exuberante Dorothy Partington (Dottie) como protagonista.
Recentemente, li o tomo 3 da franquia, intitulado Flying Dottie, de 1995. Nele, retornamos às sensuais aventuras desta belezura que é noiva de Joe, um jovem militar que foi lutar contra os japoneses no Pacífico. Desempregada e longe de seu amor, ela aceita ser modelo do desenhista Milton, que faz a tira em quadrinhos Poison Ivy, HQ que serve para elevar o moral das tropas americanas que estão longe de casa. O detalhe é que essa série existiu de fato, com algumas variações, desenvolvida pelos mesmos Yann e Berthet.
Com o final da Guerra, após o dramático bombardeamento de cidades japonesas por bombas atômicas, Poison Ivy perde o sentido de existir e seu criador decide encerrá-la a contra-gosto. Sem seu trabalho, Dottie some e é procurada desesperadamente por Milton. Ela vai procurar emprego como modelo fotográfico Pin-up, enquanto um assassino em série está à solta, matando mulheres que trabalharam num inferninho noturno incendiado criminalmente e que se chamava Yoyo’s Club. Em sua nova carreira, Dottie vira Betty, numa alusão clara a Bettie Page, americana que ficou famosa na década de 1950 por fetichistas fotos em estilo Pin-up.
O álbum, em grande formato, é de uma beleza gráfica impressionante, num visual que flerta com as cores chapadas da Ligne Claire. Como curiosidade da trama, Milton publica suas tirinhas de jornal pelo King-Mundi Syndicate, empresa fictícia que é uma homenagem dos autores ao real King Features Syndicate. No início dessa edição há um caderno com arte que homenageia as Pin-ups do ano de 1942. Pin-up 3 tem 44 páginas, capa dura e se encontra inédita em português.
Por PH.
Confesso que assim que bati os olhos na capa me apaixonei.
Vale dizer que Milton é uma citação a Milton Caniff, clássico autor de tiras de jornal americano (de, por exemplo, "Terry e os Piratas"), que durante a guerra criou uma tira de jornal estrelada por uma bela mulher para uma publicação militar chamada "Male Call", que é a inspiração direta da série.
Detalhes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Male_Call
Incidentalmente, aqui tem uma foto do Caniff com a modelo que inspirou a protagonista de Male Call, Miss Lace. A modelo se chama… Dorothy "Dottie" Partington:
http://neatocoolville.blogspot.pt/2010/08/1946-comic-book-biz-article-by-mort.html
Nada é por acaso… 😉
Boa, Pedro! Sempre acrescentando! Muito obrigado! Quando escrevi, tive uma desconfiança que fosse alusão ao Caniff, mas não estava certo. Abraço!