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“Tintin no novo mundo”, de Frederic Tuten, mostrou lado nada politicamente correto do herói criado por Hergé

Escrito por PH

IMG_20151208_144543Traduzida do inglês por Maurice Rambaud, Tintin au noveau monde (Tintin no novo mundo/Tintin in the new world) é a versão em francês de uma obra americana que poucos imaginam existir. O livro foi lançado em 1995 pelo editor parisiense Bernard Grasset, escrito com autorização de Hergé e contando com o apoio das Fundações Moulinsart e Guggenhein. Seu autor é Frederic Tuten, amigo pessoal do criador de Tintin, que se propôs a fazer uma leitura do herói bem diferente daquela que conhecemos. No lugar daquele eterno adolescente de caráter impecável e distante do amor e tentações, Tuten resolveu confrontá-lo aos tumultos e violência do universo de verdade. Trata-se de uma história que não encontra paralelo em nenhuma outra do preferido pelos os leitores entre 7 e 77 anos.

Tudo começa, depois de um bom tempo sem aventuras. Na solidão da mansão de Moulinsart, Tintin começa a se queixar ao Capitão Haddock do tédio em que estão vivendo e da necessidade de pensarem logo em algo para fazerem. Ele diz que não tem 50 anos de idade, como seu amigo, e que por ser ainda jovem, não possui tantas memórias assim para recordar em sua existência. Haddock, por sua vez, responde que se Tintin bebesse whisky e se interessasse por mulheres, teria tido dias mais felizes e muitas coisas boas para se lembrar. Enquanto o marasmo e as discordâncias imperam, chega uma misteriosa carta do Peru, convocando nossos amigos para uma missão sul-americana. Assim, resolvem dar um tempo nesta pausa de ação e rumam para Machu Picchu, onde Tintin vai encarar pela primeira vez a realidade, injustiça e prazeres do mundo. Neste último quesito citado, um dos momentos mais esperados do livro é a hora em que Tintin perde a sua virgindade com Clavdia Chauchat, uma mulher bem mais velha do que ele. A incrível entrada do destemido repórter de topete no jogo da carne se dá em um quarto com linda vista verde para a montanha. Completamente inexperiente nestas questões, ao se deparar com uma fêmea sedenta por luxúria, nosso herói tem dificuldades para se livrar de sua ceroula, mas é prontamente encorajado a fazê-lo pela “amiga”. No final de uma ardente noite de suspiros e puro êxtase, Tintin se sente emocionalmente preso a esta primeira transa e diz que seguirá sua “amada” pelo planeta, passando até pelo Rio de Janeiro e Bahia, no Brasil. Vendo que todo este romantismo está completamente fora de propósito, Clavdia pede para que Tintin se cale e parta para mais uma rodada de sexo com ela. Logo, Tintin perceberá que sua primeira vez poderá não ter sido a única e que outras parceiras deverão aparecer em sua vida. Bem-vindo ao mundo real!

Tintin au noveau monde tem capa em brochura, 270 páginas e ilustração de capa de Roy Lichtenstein.

Frederic Tuten nasceu em Nova York, no ano de 1936, e já escreveu sobre arte e cinema para Art Forum, The New York Times e Vogue. Seu primeiro romance se chamou Les aventures de Mao, pendant La longue marche, de 1971.

A seguir, mostro a linda capa realizada por Lichtenstein, imagem registrada de minha leitura no metrô e uma antiga foto de Frederic Tuten que aparece na contracapa do livro, de autoria de Laurie Lambrecht.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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