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Cria Cuervos de Carlos Saura e a eterna canção Por que te vas.

Escrito por PH

Há quem diga que um blog seja feito para ser usado como um diário. Eu particularmente uso o meu para falar das coisas que gosto e de tudo que me influenciou até hoje. Quando falo isto, posso dizer que, nascido em 1965, seja um belo exemplo de tudo que aconteceu de bom na minha vida entre os anos 70 e 80. Estas duas décadas foram determinantes para minha formação como ser humano e profissional e são as grandes responsáveis pela existência desse blog. É por isso que estou aqui mais uma vez para dividir com você que acompanha esta matéria, as emoções de mais uma pérola de minha infãncia. Devia ter uns uns 11 anos quando assisti a este clássico da Sétima Arte e me lembro como se fosse hoje, a minha Tia lourdes me levando ao antigo Cinema 1 da Avenida Prado Júnior em Copacabana junto com meu irmão Gustavo. Não seria, de fato, um filme infantil que veria, e acabou me marcando justamente por isso. Uma criança não poderia, jamais, imaginar as cenas fortes que surgiriam a seguir. Talvez nada do que tenha experimentado em minha infãncia tenha me impressionado tanto quanto Cria Cuervos de Carlos Saura de 1976. Como era muito criança, obviamente não percebi o clima tenso deste maravilhoso drama espanhol. Nele, Ana a personagem principal, ainda menina, tem de conviver com as mortes precoces e trágicas de seus pais e passa a ser criada com suas irmãs por uma tia muito severa e repressora. Ana também tem uma avó idosa e presa à uma cadeira de rodas. Ela deseja que as duas morram. Se livraria de vez da malvada tia e à sua vó, estaria prestando um favor. Imagino que quando somos muito pequenos, tenhamos uma espécie de filtro que impede que o assustador chegue às nossas “inocentes” mentes. Deve ter sido isto que aconteceu, pois o que de mais forte ficou na minha cabeça de criança e nada tem a ver com a densidade profunda daquele maravilhoso drama foi a música interpretada pela cantora Jeanette, Por que te vas. Este hit aparece em uma das poucas cenas alegres do filme em que Ana e suas irmãs se divertem ao som de um legítimo toca-discos portátil, peça tão comum nas casas das pessoas durante os anos 70. Agora é só colocar a agulha pra riscar o compacto e recordar!!

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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