Quadrinhos

Revisitamos a minissérie "DC: A Nova Fronteira", de Darwyn Cooke.

Escrito por PH

Um dia desses, andando pela Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, Rio de Janeiro, encontrei no sebo Baratos da Ribeiro, a coleção completa de uma das mais clássicas séries em quadrinhos da Editora DC Comics. Estou falando da prestigiada e antológica “DC: A Nova Fronteira”, condensada no Brasil em dois volumes. Esses dois gibis da Panini estavam num estado maravilhoso de conservação e não constavam ainda do meu acervo de colecionador. Como estas edições nacionais de 2004, não são muito fáceis de serem achadas, não pensei duas vezes, comprei o produto e me propuz a fazer uma merecida matéria sobre esta pérola da Sétima Arte. A saga foi publicada originalmente nos Estados Unidos, entre 2003 e 2004, num total de seis edições, em dezessete capítulos, mais um epílogo. Ganhador de prêmios importantes, como o Eisner Award, Harvey, e Shuster, o gibi foi escrito e desenhado pelo canadense, de Toronto, Darwyn Cooke, conhecido por seus trabalhos em Catwoman e The Spirit. Em DC: A Nova Fronteira”, Cooke sofreu bastante influência dos antigos desenhos animados de Superman, realizados pelos irmãos Fleischer no início dos anos 1940, e da animação Batman: The Animated Series, de 1992. Por outro lado, do ponto de vista dos quadrinhos europeus, sempre percebi nesta Graphic Novel, algumas semelhanças com traços de alguns artistas do Velho Continente, entre eles: o espanhol Daniel Torres, autor de Rocco Vargas, o belga Abert Weinberg, criador de Dan Cooper, e o francês Yves Chaland, idealizador do personagem Freddy Lombard, além de um toque especial da Ligne Claire de Hergé, o pai de Tintin. Neste último caso, foi uma constatação óbvia, já que o parceiro de Cooke, Dave Stewart, usa cores fortes e pouquíssimo sombreamento no tratamento desta obra, uma das características deste gênero essencialmente franco-belga. Mesmo que estas hipotéticas influências europeias, nunca sejam confirmadas, o importante é que se trata de uma trama de super-heróis, graficamente muito bem resolvida e com um roteiro perfeito, misturando fatos e personagens não reais a acontecimentos históricos. É comum encontrar, por exemplo, em meio as páginas, trechos de jornais fictícios narrando fatos da época, que se misturam à aventura. O enredo de “DC: A Nova Fronteira” nos remete ao final da Segunda Guerra Mundial, quando a América começa uma verdadeira caçada aos comunistas. Alem disso, os tradicionais super-heróis tem de escolher entre tornar conhecidas suas identidades secretas, ou serem considerados traidores da América. Sob tal pressão, alguns decidem se revelar, enquanto que outros negam-se a se curvar à tamanha exigência. Para se ter uma ideia, Superman e Mulher Maravilha passam a colaborar com o governo e Batman opta por atuar na mais pura clandestinidade. “DC: A Nova Fronteira”, também conta como surgiram os heróis da Era de Prata, incluindo Flash, O Caçador de Marte, Os Desafiadores do Desconhecido e outros mais, todos com seus uniformes do passado. O Lanterna Verde Hal Jordan não é esquecido e aparece na primeira parte, ainda garoto, sem imaginar o futuro que teria pela frente. Vou parando por aqui, indicando a leitura de um épico dos gibis que tem de estar em qualquer coleção de HQs que se preze. Só para lembrar, essa história também deu origem a um longa animado, intitulado “Justice League: The New Frontier”, lançado apenas para vídeo, em 2008. É o trailer desta produção da Warner, que você acompanha agora.

Por PH.

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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