Não faz muito tempo, fiquei sabendo de um livro que Émile Bravo ilustrou para a escritora Hélène Suzzoni. Como gosto muito do trabalho desse desenhista, seria natural que buscasse outras de suas obras, mesmo que não fossem necessariamente em quadrinhos.
A Vergonha de Takao foi uma agradável surpresa que tive! Editado pela Porto Editora de Portugal, pode ser adquirido no Brasil pelo site da Livraria Saraiva. Saiu em 2007 em terras lusitanas. Recentemente, fiquei sabendo que ganhou também o mercado editorial da Turquia.
Apesar de já existir há um tempinho, pois começou a circular originalmente em 2006 na França, pela Bayard Poche, o livro possui uma trama bastante atual e que toca no tema sensível e atual do desemprego, problema que aflige boa parte do mundo e assola o Brasil. O argumento mostra como a questão da falta de trabalho pode impactar negativamente as crianças.
Na história, Takao é um jovem que é educado com muita rigidez por seu pai, o Senhor Shimada. Ele exige o impossível do garoto, quando o assunto tem a ver com seus estudos. E não adianta, Takao dizer e provar que é um dos melhores alunos do colégio, pois seu progenitor quer que ele seja o número um entre todos. Para quem não sabe, a educação é uma das coisas mais importantes para a sociedade nipônica, sempre preocupada com o futuro profissional dos mais novos. Para botar seu rebento nos trilhos, o Sr. Shimada é implacável com horários e não hesitará em deixar o menino sem bicicleta, por dias, como castigo por algum deslize. Todo esse comportamento nervoso do pai pode ser fruto em parte de um momento difícil pelo qual passa, em silêncio, já que a empresa em que trabalha estaria em dificuldades financeiras. Ao saber da possibilidade do pai perder o emprego e ficar sem dinheiro para sustentar a família, através de comentários maldosos de um inimigo, Takao se sente culpado por não estar junto do pai nessa hora e não medirá esforços para tentar ajudá-lo. Sua atitude tem grandes chances de mudar completamente a relação entre os dois.
Trata-se de uma linda e comovente história, com final surpreendente, contada magistralmente por Hélène Suzonni e ilustrada ludicamente pelo mestre Émile Bravo. Simplesmente imperdível, essa publicação pode provocar lágrimas nos mais sensíveis!
Em relação aos artistas que estão por trás desse livro, Hélène Suzzoni é uma fantástica escritora francesa que passou a infância entre Paris e a Ilha da Córsega. É fornada em Língua e Civilização Japonesa e está acostumada a traduzir livros oriundos da Terra do Sol Nascente, o que explicaria como conseguiu criar a cativante aventura de Takao, ambientada com perfeição no Japão moderno. Entre outros, escreveu Bonjour les Hirondelles, para a Casterman, além de participar de uma parceria com a ilustradora Lucie Vandevelde, que lhe rendeu Poésie d’ombre et de lumière e Poème sous le vent, pelas Éditions Les P’tits Bérets em 2015.
Já sobre Émile Bravo, podemos dizer que é um talentoso artista francês, igualmente autor de Une Épatante Aventure de Jules, Aleksis Strogonov, Ma Maman est en Amérique, O Spirou de..: O Diário de um ingênuo, e de Le Jardin d’Émile Bravo (O Jardim de Émile Bravo). Seu traço tem algo de mágico e infantil, embora suas HQs sejam em sua maioria, juvenis e adultas.
Por PH.
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